Proporcionalmente à crescente demanda por data centers está a exigência por continuidade operacional e qualidade — do projeto, da construção, sustentabilidade e da manutenção — no longo prazo. Nesse caso, as certificações são não apenas um diferencial de eficiência, mas uma necessidade para empresas e seus clientes, garantindo confiabilidade e disponibilidade das operações.
Assim como infraestrutura e processos seguem normas de padrão internacional, a certificação de pessoas é essencial para obtermos resultados e lidarmos com as mais diversas ocorrências. Em meio a processos carregados de características técnicas, a certificação de um data center vai além disso, justificando-se não só tecnicamente, mas também por garantir a continuidade dos negócios e da prestação de serviços de empresas públicas e privadas.
Utilizada para avaliar a qualidade e a eficácia de um produto ou serviço, a certificação deve ser emitida por um organismo independente, externo, de terceira parte. Ainda, para garantir a idoneidade do órgão certificador, o mesmo deve ser acreditado por um membro do IAF – International Accreditation Forum, órgão que agremia acreditadoras – para que tenha validade e reconhecimento internacional, técnico e jurídico.
E como isso funciona? Devido à relevância e impacto, não poderia ser algo básico e, de fato, não é. Órgãos de normatização como ABNT, Inmetro, ECB-S e Dakks realizam testes minuciosos para controle, aferição de qualidade, certificação de produto e acreditação de data centers com salas cofre, a fim de garantir que esses "produtos" cumpram diligentemente o fim para o qual foram projetados — armazenar e preservar hardware contendo informações cruciais para a continuidade dos negócios.
No caso de um incêndio por exemplo, tais testes e normas de certificação verificam não apenas a resistência ao fogo, calor, penetração de água e gases corrosivos, mas a capacidade de proteção de dados no interior do data center. Alguns ambientes autodesignados "salas seguras" apresentam paredes corta-fogo, porém sua infraestrutura não foi devidamente testada, por exemplo, para garantir a resistência ao calor limite de 75ºC ou a humidade máxima associada ao calor de 85%, ocasionando a deformação dos portadores de dados — discos rígidos, memórias sólidas, fitas de backup e circuitos internos dos equipamentos de TI — e a perda da informação armazenada.
Em um outro patamar de certificação, organismos como o Uptime Institute, certificam a infraestrutura e os níveis de redundância de elementos críticos ao funcionamento de um data center, como sistemas elétricos e de climatização, mitigando o risco de falhas, desde a fase de projeto e construção até a sua manutenção. Quanto maior o nível, ou o tier, maior a proteção e as redundâncias para evitar falhas, permitir a manutenção concorrente e preservar os níveis de redundância em caso de contingência. O Uptime Institute também certifica pessoas, atestando capacidade e conhecimento no desenvolvimento de projetos de data centers de alta disponibilidade: ATD (Accredited Tier Designer), para profissionais licenciados, e ATS (Accredited Tier Specialist), para proprietários e operadores.
Além dos órgãos que atestam a disponibilidade, como os mencionados anteriormente, outros, como o LEED, BREEAM e CEEDA na Europa e Américas, certificam a sustentabilidade de um data center. Para isso, a infraestrutura deve proporcionar eficiência energética — redução do consumo de energia — e apresentar um planejamento adequado para outros componentes como economia de água e reuso, saúde e bem-estar, controle de poluição, transporte, reciclagem de materiais e resíduos, ecologia e processos de gestão.
Com tantos pontos a serem analisados, surge o questionamento: todo esse árduo trabalho e o investimento aplicado se justificam? Com quase 30 anos de experiência no mercado, afirmo que sim. Basta calcularmos o custo de longo prazo de uma operação desequilibrada energeticamente, o Opex (custos operacionais), os prejuízos em cadeia causados por uma parada não programada, a insatisfação de clientes, o dano à reputação da empresa e tantos outros itens, que entenderemos que as certificações são a melhor garantia na preservação do investimento realizado por empresas públicas e privadas e para seus clientes.
Portanto, por mais trabalhoso que possa ser, o processo de certificação de data centers, desde a fase de projeto e construção, até a manutenção, fazê-lo, trará a tranquilidade de operar em um ambiente seguro e resistente a falhas, permitindo que o cliente dedique esforços ao seu core business, tendo resultados efetivos para seus negócios ou na prestação de serviços essenciais. Por isso, é de suma importância contar com parceiros que realmente compreendam todo o processo e entreguem essa tranquilidade. Isto dito, desejo bons negócios a todos.
*Fernando Almeida Prado é diretor de vendas e marketing na Aceco TI.