Ao completar 15 anos de atividades no mercado, a WeDo Technologies decidiu investir no desenvolvimento de uma plataforma integrada para gerenciar e simplificar todos seus produtos de Enterprise Business Assurance e da solução de gestão de fraudes. Com isso, a empresa reforça sua estratégia anunciada no passado de competir em outros segmentos da economia como utilities, varejo e saúde, além de telecomunicações, setor no qual conta com expressivo market share tendo como clientes mais de 60 operadoras mundialmente.
A informação é de Rui Paiva, CEO da empresa, controlada pelo Sonae, maior grupo não financeiro de Portugal, e foi dada durante sua apresentação no Worldwide User Group & Summit 2016, que termina nesta sexta-feira, 13, e que reuniu mais de 400 executivos de 45 países, em Lisboa.
O executivo explicou que a empresa tem crescido nesses últimos 15 anos de forma orgânica e por meio da aquisição de seis empresas no período, em Portugal, Irlanda, Reino Unido, Estados Unidos e no Brasil, onde adquiriu a catarinense Tecnológica, em 2007. A WeDo atingiu receita de 57,5 milhões de euros no ano passado (nos 15 anos de atuação o faturamento acumulado foi de 607 milhões de euros), Ebitda de 10 milhões de euros e somou 551 funcionários de 20 nacionalidades.
Segundo Paiva, no ano passado, a WeDo conquistou dez novas operadoras, entre as quais, Vodafone no Qatar e Estados Unidos, Entel no Chile e Peru, e Cablevision na Argentina. Também conseguiu novos parceiros de negócios, como a Ernst & Young, Everis e Ericsson, além de 40 novos consultores independentes.
Transformação digital
Ao mesmo tempo em que está ajudando seus clientes a realizar a transformação digital, a WeDo também está promovendo sua própria transformação. Hoje, ela atua com três linhas básicas de produtos de revenue assurance (garantia de receitas) e gerenciamento de fraudes (Raid Telecom, Shape Telecom e Broker), que dispõem de uma série de recursos específicos, a maioria voltada para o setor de telecomunicações.
Agora a empresa está desenvolvendo uma plataforma única para gerenciar tudo que envolve monitoramento de receitas e gestão de risco, onde cada segmento de mercado (telecom, utilities, varejo e saúde) terá uma camada do software facilmente adaptada para suas características próprias.
A WeDo Labs também está trabalhando para oferecer soluções na nuvem como, por exemplo, uma aplicação de self-service analytics, que usa tecnologia de aprendizado de máquina, a fim de que profissionais em nível gerencial (C-levels) possam avaliar um evento fora do padrão, sem necessidade de envolver a equipe de tecnologia para a resolução do problema.
A solução permitirá ainda a coleta de informações internas e externas, inclusive de informações presentes em redes sociais como Facebook e Twitter, e outras fontes como Thomson Reuters, blogs, etc., através o uso de APIs que conectam as diferentes fontes de informações. A WeDo cogita usar a tecnologia cognitiva IBM Watson para que os dados obtidos de várias fontes sejam apresentados de forma coesa, numa interface única, ampliando assim a qualidade da prevenção a fraudes.
A empresa trabalha com o conceito chamado Smart Human, em que soluções que envolvem tecnologia de inteligência artificial são usadas para analisar dados estruturados e não estruturados como, por exemplo, documentos e contratos, e também reconhecimento de voz, para uso em soluções de call center.
Tradicionalmente, a soluções de revenue assurance, que trabalham com banco de dados Oracle, passam a rodar no SQL Server 2016 da Microsoft, e no futuro com qualquer padrão de mercado. Outra iniciativa é uso da tecnologia Hadoop para que possa responder o desafio de monitorar outros tipos de dispositivos móveis, como de IoT (Internet das Coisas) e a integração com novos sensores que fazem parte da chamada fábrica 4.0. O reconhecimento de face também poderá ser monitorado pela solução, que, por exemplo, pode ser aplicada no mercado de saúde que exige cuidados redobrados na questão se segurança e privacidade.
A WeDo adota o conceito de plataforma aberta de forma a incentivar a colaboração de usuários e parceiros de negócios, o uso de padrões, a disponibilização de kits de desenvolvimento (SDK) e um market place aberto.
Estudos de caso
Alguns cases que mostram essa transformação digital foram apresentados pelos clientes no evento. A cadeia de lojas de conveniência 7 Eleven do México, por exemplo, que reúne 1.950 lojas em 24 estados, funcionado 24 horas, exigia um apurado sistema de gestão de estoque. Ela agora está passando por uma profunda transformação, uma vez que começou a oferecer aos consumidores serviços digitais, que não exigem controle das centrais de distribuição de mercadorias. As tradicionais caixas registradoras foram trocadas por terminais inteligentes, que recebem pagamentos de empresas de serviços públicos (gás, água, luz, telefone), seguros, mensalidade escolar, cartões pré-pagos, etc. Inclusive tem acordo com o Banorte e Banamex, que mantêm o chamado banco de loja.
Segundo Prisciliano Quintanilha, CIO da 7 Eleven Méxivo, essa realidade convive com a alta rotatividade dos funcionários e o desafio de manter a velocidade e automação da tarefas, como segurança. Ele explica que a solução da WeDo permitiu automatizar o monitoramento das transações e de forma proativa identificar uma fraude rapidamente para que seja tomada uma reação rápida. Sua adoção está motivando a mudança do perfil do funcionário, a documentação das situações detectadas, inclusive com a automação da auditoria.
Outro exemplo é da Brisa, operadora de pedágio e gerenciamento de cinco concessionárias, que controla 600 mil transações de pagamentos ao dia, realizadas através de meios pagamentos variados, como sensores colocados nos caminhões e automóveis, pagamento em dinheiro, cartões e outras formas de pagamento de outros países da Europa. Além disso, controla o serviço de atendimento de acidentes e de manutenção das estradas.
Segundo Jorge Lopes, CIO e CTO da empresa, 72% dos pagamentos são feitos de maneira eletrônica e são realizadas 72,5 milhões de transações ao mês. Desse total, cerca de 500 mil transações são investigadas, das quais 75% são reprocessadas, sendo que pouco menos 25% classificadas como violações e 0,5% de falhas técnicas. Com uso da ferramenta de gerenciamento de fraude, a reconciliação das vendas, coletas na praça de pedágio e depósitos nos bancos, possibilitou a recuperação de 50 milhões euros em março passado.
A empresa agora parte para uma transformação digital do seu negócio, que vai utilizar um aplicativo mobile que funcionará não só como meio de pagamento predominante para pagamento de pedágio, mas também para uso em ferry boats e transporte, por exemplo.
Lopes explica que essa mudança de modelo de negócios exige interoperabilidade, habilidade para um gerenciamento de toda essa dinâmica, evitar fraude e servir para planejamento de forecast.
*O jornalista viajou a Lisboa a convite da empresa.