Não é de hoje que o Brasil é lembrado em rankings e discussões sobre fraudes em todo o mundo. No último ano, o assunto se intensificou e passou a ser observado mais de perto por empresas e instituições dos mais diversos setores. Um levantamento da VISA sobre países com mais fraudes, realizado no início de 2020, nos coloca em 2º lugar na América Latina – atrás apenas do México.
O assunto ganhou ainda mais evidência após a chegada da pandemia, que forçou uma digitalização imediata não só das empresas, mas também da população, que precisou se adaptar rapidamente a um novo formato de compras e pagamentos. Todo esse processo fez com que as instituições financeiras se juntassem às empresas de telefonia, e-commerces e marketplaces na lista de setores-alvos dos criminosos. Porém, existe uma questão muito importante por trás de todo esse debate, que merece atenção: como as áreas de risco e segurança dentro das empresas devem ser estruturadas, a fim de mitigar ações fraudulentas?
Para se adaptar a essa realidade, as empresas precisam atender às diversas exigências das instituições e órgãos que atuam no mercado de pagamentos, como adequação às regulações e criação de processos de controle e monitoramento. Além disso, há também as barreiras técnicas, diretamente ligadas à capacidade dessas empresas de estruturarem uma operação robusta de risco e compliance. Administrar essa área com eficiência exige que os problemas sejam solucionados de forma central e escalável.
Muitas vezes, essa estruturação ocorre de forma burocrática, com a contratação de sistemas terceirizados e time de back-office para cuidar do cadastramento de clientes e monitoramento das transações. Assumir essa estruturação internamente é muito mais trabalhoso, além de não compensar financeiramente. Existem empresas com know-how e alta tecnologia para cuidar de todo esse processo.
A melhor saída é contratar empresas de infraestrutura financeira, capazes de ultrapassar as barreiras tecnológicas e regulatórias de uma única vez, por meio de uma única plataforma. As fintechs têm realizado esse trabalho de forma bastante eficiente, em um curto espaço de tempo e com baixos custos de implementação.
Concentrar as exigências e demandas em um único fornecedor viabiliza um bom controle da operação e uma rápida adaptação, em caso do surgimento de novas regras e leis. Isso permite que as empresas cresçam mais rápido e com mais segurança.
Em tempos de grandes mudanças, automatizar os processos contribui para a mitigação de riscos e o trabalho se torna mais eficiente. Soluções completas agregam ao modelo de negócio, impulsionam vendas e ainda permitem um monitoramento minucioso contra possíveis desvios, lavagem de dinheiro e comportamentos não aceitos pelos órgãos reguladores.
A migração para o mundo digital, aliada à tendência de oferecer serviços financeiros próprios abre margem para infinitas possibilidades. Hoje, é possível que empresas criem sistemas de pagamentos completos, com carteiras digitais, pagamentos instantâneos e com condições exclusivas e competitivas o suficiente para disputar espaço com os grandes players do setor.
A capacidade das empresas de oferecer serviços de pagamentos especializados para seus clientes não só aumenta o valor agregado de seus produtos e serviços, como reduz riscos de inadimplência e permite condições comerciais mais justas. Isso mostra que a descentralização do setor de pagamentos é o foco desta transformação e tende a se intensificar no futuro dos serviços financeiros.
Pedro Monastero, head de Risco, Dados e Segurança na Hash, fintech de meios de pagamento. Tem passagens pelo Mercado Pago e Stone, onde atuou como Supervisor de Wallet e Gestor de Modelagem e Controle Antifraude.