Deputados preparam projeto para uso do Fust na telefonia móvel

0

Os deputados José Guimarães (PT-CE) e Marcelo Serafim (PSB-AM) anunciaram que vão apresentar projetos de lei propondo que os recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telefonia (Fust) possibilitem a ampliação da telefonia celular para todos os municípios brasileiros. A Lei 9.998/00, que regulamenta o uso desse fundo, só permite que os recursos arrecadados sejam aplicados na telefonia fixa. Até o fim deste ano, o Fust deve totalizar cerca de R$ 6 bilhões em caixa, mas, até hoje, nenhum centavo foi aplicado, de acordo com informações do Ministério das Comunicações e da Anatel.

Guimarães e Serafim propuseram audiência pública, realizada nesta terça-feira (12/6) pela Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados, que discutiu a universalização da telefonia móvel e fixa nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Durante o evento, a maior reclamação dos deputados presentes foi pela ampliação da telefonia celular. O dinheiro do Fust, segundo os deputados, tem sido usado para garantir o superávit primário.

"A universalização da telefonia está sendo pautada pelo lucro das empresas, o que é um absurdo", critica Guimarães. Ele informou que apresentará um outro projeto para modificar a legislação que trata dos fundos constitucionais de desenvolvimento das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. "Os recursos obtidos pelas empresas telefônicas nesses fundos são aplicados em outras regiões, onde obtêm lucros. Minha proposta tornará obrigatório o uso dos recursos nessas regiões", afirma o deputado.

Serafim observa que, de acordo com os números divulgados durante a audiência pública, atualmente existem 2.284 municípios brasileiros que não contam com cobertura de telefonia móvel. "Isso representa aproximadamente 10% da população brasileira, ou 20 milhões de pessoas", salienta o parlamentar. Ele lembra que em 2000, quando da edição da lei que instituiu o Fust, não se tinha idéia da importância da telefonia celular. "Os recursos desse fundo também são provenientes das empresas de celulares. Nada mais lógico que aplicá-los na ampliação do acesso da população a esse serviço", defende.

Na avaliação do secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações, Roberto Pinto Martins, na próxima década a telefonia fixa não terá mais importância. "Os desafios da universalização das comunicações envolverá o acesso de banda larga para todos os municípios. O transmissão de voz pela internet será um dos caminhos para conseguir a integração total do país", acredita.

O presidente da Anatel, Plínio de Aguiar Júnior, informou que a licitação para tecnologia de terceira geração de celulares, que se dará ainda este ano, vai cobrar maior cobertura regional para os aparelhos. Ele espera que a nova tecnologia alcance os 10% da população que não têm acesso hoje à telefonia móvel. Aguiar Júnior informou que a Anatel tem atualmente 1.050 processos abertos pelo descumprimento das obrigações das companhias para estender a telefonia.

Atualmente, o Brasil conta com aproximadamente 42 milhões de telefones fixos, que cobrem todos os municípios, mas não todas as localidades, o que na prática significa a área rural. Segundo a Anatel, o conceito de localidade é um aglomerado permanente de habitantes com um conjunto de edificações cujas distâncias entre si não sejam superiores a 50 metros. Para os parlamentares do Norte e Nordeste, ficou claro que tal conceito não atende às particularidades dessas regiões.

Ainda de acordo com a Anatel, há no Brasil 103 milhões de telefones celulares, "mas esse total é mal distribuído no país", reconhece o presidente da agência. Isso se dá, acrescenta Aguiar Júnior, porque as empresas só investem nos municípios onde encontram viabilidade econômica. Na região Norte, 47% dos municípios têm acesso a celular, o que representa 83% da população. Já no Nordeste, somente 40% dos municípios têm celular, atingindo 79% da população.

Os deputados cobraram uma ação mais impositiva do governo em cima das empresas, para universalizar e interiorizar as telecomunicações. Para o deputado Zequinha Marinho (PMDB-PA), a discussão é repetitiva. "Estamos falando do óbvio, é a mesmice da situação", lamentou a deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA).

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) lembrou que a telefonia é uma preocupação permanente dos cidadãos e que a Câmara recebe mais de mil ligações mensais pedindo a aprovação do projeto de lei que determina a não cobrança da taxa básica de telefonia.

Com informações da Agência Câmara.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.