Cisco define cinco pontos estratégicos para crescimento até 2016

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Em meio às notícias de que fará demissões em massa, cujos números variam entre 5 mil e 10 mil empregados, a Cisco Systems iniciou nesta terça-feira, 12, o Cisco Live 2011, encontro de parceiros e desenvolvedores que reuniu cerca de 15 mil profissionais em Las Vegas (além de uma audiência adicional de mais 40 mil de forma virtual). Durante a abertura do evento o presidente e CEO da empresa, John Chambers, apresentou os cinco pontos estratégicos que vão definir o plano de crescimento da companhia até 2016, sem fazer qualquer menção aos cortes.
O executivo traçou um breve histórico sobre as razões do crescimento da Cisco (que no último trimestre fiscal faturou US$ 10,9 bilhões com lucro de US$ 1,8 bilhão) dizendo que de 1985 a 2011 primeiro o motivo foi a inovação, seguida pela integração, que incrementou a receita de um patamar de U$ 10 bilhões para US$ 40 bilhões. "Daqui para frente, simplificação será a palavra-chave do crescimento", enfatizou Chambers, acrescentando que o mercado de switching e setor público também serão prioridade. Para isso, explica que foi feita uma reorganização da empresa e dos níveis executivos de decisão, até a simplificação dos contratos com os clientes.
Disse ainda que a empresa tem compromisso com os clientes, e isso não muda na estratégia, motivo pelo qual desenvolveram 85 novos produtos nos últimos seis meses, além de ter registrado 8 mil patentes, investido US$ 5,3 bilhões em pesquisa e desenvolvimento (13% das vendas) e realizado 145 aquisições de empresas.
Os cinco pontos da estratégia da Cisco são: liderança no mercado de switching, routers e serviços (incluído mobilidade e segurança, colaboração, data center, virtualização e cloud computing, vídeo e arquitetura para transformação de negócios – business transformation).
Padmasree Warrior, vice presidente sênior e CTO da Cisco explicou a estratégia para cada uma das áreas. Em equipamentos core de rede, a empresa mantém a liderança com 77% de participação de mercado com a linha Catalyst, cuja base instalada já trouxe receitas acumuladas de mais de US$ 42 bilhões desde o lançamento. No evento, foram lançados upgrade de todos os modelos, com a ampliação de capacidade, para criar o que chamou de Next Generation Network (NGN).
Segundo ela, o mais importante foi o software embarcado nos equipamentos, que permite, por exemplo, aos provedores de serviços lançarem novos produtos ou a empresa ter um upgrade da plataforma para incrementar soluções de mobilidade. Em 2015, 7,1 milhões de dispositivos móveis estarão conectados, estima a executiva, antevendo uma grade oportunidade de mercado para a empresa.
Em relação à colaboração, Padmasree explica que o foco é a comunicação, tecnologia oriunda da evolução da comunicação unificada, que permite estabelecer conferência pela web através do WebEx (20 milhões de conferências são feitas por mês usando a solução oferecida no modelo de software como serviço) telepresença e Quad, um software que reúne colaboração combinada com redes sociais, comunicação unificada e integração com negócios.
O terceiro ponto refere-se ao trio data center, virtualização e cloud computing, áreas nas quais a empresa mantém parceria com a NetApp e VMWare, cujo foco são as nuvens privadas. "Queremos oferecer a infraestrutura e os serviços de consultoria de negócios para que os provedores possam oferecer serviços de nuvem pública para os clientes finais ou a empresa tenha clara sua estratégia de negócios, levando em conta questões como segurança e migração. A previsão é que em 2014, 20% dos funcionários das corporações estarão conectados por desktops virtuais".
A Cisco pretende investir em criar um programa de certificação de parceiros que envolva consultoria estratégica, de negócios, serviços profissionais etc., nos moldes da que existe para a área de redes. O setor de vídeo para negócios é outra aposta da empresa, tendo em vista as pesquisas que dizem que já em 2013 90% do tráfego das redes serão de vídeos. Aí a empresa vê oportunidades em segmento de digital signane e na solução denominada Medianet, uma rede inteligente rich media para entrega de vídeos pelas empresas e provedores de serviços para consumidores.
E, finalmente, o quinto ponto refere-se à arquitetura das redes para a transformação dos negócios, apostando no que se chama "internet das coisas" (internet things) e na simplificação das estrutura para trazer mais rapidez e retorno aos negócios.
Demissões
Apesar da participação de um grande número de funcionários e desenvolvedores no Cisco Live 2011, que termina nesta quinta-feira, 14, com uma apresentação de William Shatner, o capitão Kirk de Jornada das Estrelas, as notícias da imprensa americana que falam na demissão de parte dos 73,4 mil funcionários não recebeu qualquer comentário da direção da empresa. "Não comentamos sobre especulações", respondeu laconicamente Padsmaree.
As notícias dão conta que a Cisco irá demitir inicialmente 5 mil funcionários, mil dos quais através de um programa de aposentadoria premiada, 6,8% da força de trabalho, o que traria uma economia de US$ 1 bilhão a folha de pagamentos. A Bloomberg divulgou, citando fontes não reveladas e a previsão de analistas de mercado, que seriam 10 mil funcionários (3 mil aposentados), 14% da folha de pagamento, para que a medida tivesse efeito, já que, mesmo tendo faturado US$ 10,9 bilhões no último trimestre fiscal, o desempenho da empresa ficou abaixo da previsão feita por Chambers, de um crescimento entre 7% e 17% anuais. A previsão é que as medidas sejam implementadas em agosto, quando termina o próximo trimestre fiscal da companhia.
No encerramento do pregão desta terça-feira, as ações da Cisco tiveram uma ligeira alta de 1,102%, com preço médio de U$ 15,60 por ação, bem longe dos US$ 28 do começo do ano passado.
*O jornalista viajou a Las Vegas a convite da Cisco.

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