Lições do plano estratégio de cibersegurança americano para o Brasil

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Com o lançamento do Plano Estratégico de Cibersegurança dos Estados Unidos para 2024-2026, o Brasil encontra uma oportunidade valiosa para reforçar suas defesas digitais. Desenvolvido pela Agência de Segurança Cibernética e Infraestrutura (CISA), o plano norte-americano estabelece uma abordagem abrangente para enfrentar as crescentes ameaças cibernéticas, organizada em torno de três pilares principais: Fortalecimento da Capacidade de Detecção e Resposta, Promoção de Tecnologias Seguras e Desenvolvimento de uma Força de Trabalho em Cibersegurança. Essas estratégias fornecem um modelo que o Brasil pode adaptar para aprimorar suas próprias iniciativas.

Nos Estados Unidos, o plano enfatiza a necessidade de aumentar a visibilidade das ameaças cibernéticas e melhorar a capacidade de resposta rápida a incidentes. No Brasil, o Centro de Prevenção, Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos (CTIR Gov), administrado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), já desempenha um papel crucial nesse sentido. O CTIR Gov monitora e responde a incidentes que afetam as redes governamentais, sendo essencial na proteção das infraestruturas críticas do país. Apesar disso, a adoção de estratégias mais integradas e preventivas, como as propostas no plano americano, poderia fortalecer ainda mais a capacidade do Brasil de responder a incidentes de forma coordenada e eficaz.

Outro ponto fundamental do plano dos EUA é o incentivo ao desenvolvimento e à adoção de tecnologias seguras, com foco na prevenção de vulnerabilidades desde o design dos produtos tecnológicos. No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em vigor desde 2020, já oferece uma base legal sólida para a proteção de dados pessoais, alinhando-se a padrões internacionais de segurança. A LGPD não apenas protege os direitos dos cidadãos, mas também incentiva empresas e órgãos públicos a adotarem práticas tecnológicas seguras. Adicionalmente, o Brasil tem investido em iniciativas como o Programa de Capacitação em Segurança Cibernética, que visa formar profissionais especializados em novas tecnologias de segurança, ampliando a resiliência do país contra-ataques cibernéticos.

O desenvolvimento de uma força de trabalho qualificada em cibersegurança é outro pilar crucial tanto no plano dos EUA quanto nas estratégias brasileiras. O Brasil, reconhecendo a escassez de profissionais na área, tem promovido programas como o Cyber Education, que oferece cursos e certificações em segurança da informação. Parcerias entre universidades e instituições internacionais também têm sido fortalecidas para garantir que o país esteja preparado para enfrentar os desafios futuros.

Embora o Brasil já tenha implementado medidas significativas em cibersegurança, como a criação do CTIR Gov, a LGPD e os investimentos em capacitação, há espaço para aprimorar essas iniciativas com base nas diretrizes do plano estratégico americano. A adoção de uma postura mais proativa, o fortalecimento da inovação tecnológica e a ampliação da cooperação internacional são passos essenciais para que o Brasil possa não apenas proteger suas infraestruturas digitais, mas também liderar pelo exemplo na América Latina.

Ao alinhar-se com as diretrizes americanas, o Brasil estará não apenas reforçando sua própria segurança, mas também criando um ambiente digital mais resiliente e confiável, essencial para o crescimento econômico e a proteção dos direitos de seus cidadãos.

Ao adotar e adaptar as diretrizes do Plano Estratégico de Cibersegurança dos Estados Unidos, o Brasil tem a chance de não apenas melhorar suas próprias defesas, mas também de se posicionar como um líder em segurança cibernética na América Latina.

Com a implementação de estratégias mais robustas e integradas, o país poderá criar um ambiente digital mais seguro e confiável, capaz de sustentar o crescimento econômico e proteger os direitos de seus cidadãos em um mundo cada vez mais digitalizado. A jornada para uma cibersegurança eficiente é contínua, mas com as bases que já foram estabelecidas e as melhorias que podem ser feitas, o Brasil está bem posicionado para enfrentar os desafios futuros com resiliência e inovação.

Walter Calza Neto, DPO do Corinthians.

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