As apostas esportivas online, também conhecidas como BETs, vêm crescendo exponencialmente no Brasil e no mundo. E os números traduzem esse movimento de ascensão. Um levantamento realizado pela Datahub aponta que, entre 2021 e abril de 2024, o setor de apostas online cresceu 734,6%. Em outro relatório, agora realizado pela XP Investimentos, o mercado de apostas movimentou entre R$100 bilhões e R$120 bilhões em 2023, no Brasil. Isso equivale a 1% do PIB do país. Neste mesmo período, os Estados Unidos movimentaram US$100 bilhões, o que representa 0,4% do PIB estadunidense. Ou seja, o setor das BETs no Brasil é proporcionalmente maior que o dos EUA.
A expansão trouxe não apenas novas oportunidades de entretenimento para apostadores e lucros para as empresas, mas também, o desafio de garantir a qualidade das plataformas utilizadas pelos usuários, para que suas experiências não sejam prejudicadas. Falhas técnicas e baixa usabilidade são alguns dos fatores que podem impactar a confiança e o engajamento das pessoas com as plataformas.
As apostam em qualidade aumentaram
A qualidade, a transparência e a segurança sempre estão em pauta quando o assunto são as BETs, pois impactam diretamente a experiência do apostador durante os jogos. Com mais de 500 sites de apostas no Brasil, dificilmente o usuário jogará novamente em uma plataforma que fez ele perder dinheiro por causa de problemas na interface.
Para se destacarem em um mercado tão competitivo, eu listo 5 dicas essenciais que as empresas precisam seguir para aprimorar a qualidade dos serviços e aumentar a fidelização dos usuários:
Infraestrutura tecnológica
Reclamações sobre interfaces são comuns, com muitos sites visualmente poluídos, pouco intuitivos e lentos. Empresas de apostas com jogos complexos precisam de estruturas robustas para suportar seus serviços.
Um estudo da HiPay prevê um aumento de 58% nas apostas via dispositivos móveis até 2025. Celulares permitem que os usuários joguem em qualquer lugar com internet, e as BETs precisam oferecer a mesma qualidade de serviços, seja em um aparelho de última geração ou em um tablet um pouco mais antigo. É essencial adaptar a interface ao público-alvo, projetando uma plataforma performática, segura e intuitiva, que funcione bem em diversos devices.
Uma das tendências para esse mercado é a criação de aplicativos mobile para melhorar a experiência do usuário. Aplicativos concedem maiores permissões de acesso a dados, permitindo o desenvolvimento de funcionalidades personalizadas e a criação de experiências mais aplicáveis para cada tipo de público. No entanto, os usuários devem estar atentos aos apps que instalam, pois os riscos à segurança dos dados aumentam se a plataforma não for confiável.
Velocidade
A velocidade está diretamente ligada à qualidade das BETs. Isso porque um site que não apresente essa característica dificilmente conseguirá ser acessado com agilidade em dispositivos mais antigos, sejam eles computadores, tablets ou celulares; o mesmo vale para suas versões mobile, que podem não funcionar adequadamente dependendo da versão do smartphone.
É importante que as casas de apostas invistam em infraestruturas tecnológicas de qualidade para garantir que a velocidade não impacte no resultado final dos jogos. Por exemplo, se um teste de qualidade revela que um jogo opera em velocidades diferentes em aparelhos iOS e Android, isso pode beneficiar um apostador, permitindo que finalize o jogo no momento certo, enquanto outro perde dinheiro devido a falhas na interface.
Jogabilidade
A jogabilidade dentro da plataforma depende de uma série de fatores, como design intuitivo, infraestrutura performática e segura, acessibilidade e velocidade dos métodos de pagamento, que interferem diretamente na experiência do apostador. A jogabilidade vai além da capacidade de finalizar as apostas dentro do site ou aplicativo, ela é um grande indicador de qualidade para as empresas.
Se o processo de aposta for pouco intuitivo, a empresa será impactada com a queda de apostadores interessados. O ideal é que a plataforma ofereça chances reais de ganhar, e que a interface seja segura e eficiente. Se houver falhas na infraestrutura e segurança, a jogabilidade será prejudicada, e a casa de apostas pode não atender às regulamentações, perdendo espaço no mercado.
Meios de pagamento
Com o avanço da inovação no setor financeiro, os meios de pagamento nas BETs precisam ser atualizados para atender rapidamente e com segurança os usuários de dispositivos móveis. O PIX é atualmente o mais usado, permitindo movimentação ágil de pequenas quantias, ao contrário de outras transações mais lentas que frustram a experiência das pessoas.
A preocupação com a segurança das transações dentro das BETs é um dos maiores incentivos para acelerar os processos de regulamentação deste setor. Leis de outras áreas estão sendo adaptadas para o mercado de apostas online, como a Lei 13.756 de 2018, originalmente voltada à loteria, mas regulamentada desde 2023 para as apostas esportivas virtuais, restringindo transações a contas autorizadas pelo Banco Central. As empresas também deveriam investir em tecnologias de segurança e qualidade de software para proteger os jogadores contra fraudes e melhorar a experiência do usuário.
Colocando a segurança como fator principal, as BETs poderiam investir em parcerias com bancos, fintechs ou empresas White Label para oferecer meios de pagamento seguros, sem vincular diretamente o nome da instituição à plataforma de apostas.
Ambiente seguro
As fraudes nas plataformas de apostas estão cada vez mais frequentes e bem elaboradas. Muitas vezes, o apostador demora para perceber que caiu em um golpe e não faz ideia que seus dados foram clonados e que seu dinheiro foi perdido. Por isso, a regulamentação das BETs é essencial para garantir a segurança e a integridade no mercado.
Em janeiro deste ano, foi sancionada a Lei 14.790/2023 para regulamentar as BETs, visando o controle, a governança e a segurança do volume de transações financeiras e pessoas interessadas em apostas online. Os processos dessa lei se assemelham bastante aos métodos utilizados no setor bancário, contando com validação geográfica, autenticação de dois fatores, verificação de troca de senhas para depósitos e saques, identificação de "contas laranjas" e biometria facial.
Analisando todo esse cenário, é possível concluir que, apesar do mercado ainda estar se consolidando por meio de regulamentações, não existem limites para a inovação. Para se destacarem, as empresas precisam priorizar a qualidade dos seus serviços e a experiência do usuário, conscientizando sobre o jogo responsável e construindo um ambiente virtual seguro para proteger as informações e o dinheiro dos jogadores.
Grace Libânio, Head de negócios da Sofist.