Pela primeira vez, a comercialização legal de PCs no mercado brasileiro superou a do mercado cinza ou contrabandeado, que ficou em 47,7% contra 73% de participação em 2004. Dados do estudo divulgado pela Abinee nesta terça-feira, 12/9, encomendado à empresa de pesquisa IT Data, credita esse resultado ao programa Computador para Todos, que isentou de PIS e Cofins os fabricantes de desktops até RS 2,5 mil e notebooks abaixo de RS$ 3 mil.
Segundo a Abinee, ?a queda dos fabricantes de ?PCs clones? fez com que a participação do mercado ilegal caísse, fazendo com que toda a cadeia relacionada à fabricação e venda de PCs fosse beneficiada, gerando empregos, aumentando investimentos, receita e impostos?.
O total de vendas dentro do programa, instituído pela Lei 11.196, chegou a 265 mil unidades (desktops e notebooks), dos quais 25 mil vendidos em 2005 e 240 mil até junho passado.
Com isso, a IT Data estima que as vendas de PCs no mercado brasileiro cheguem a 7,8 milhões de unidades este ano, o que significa um crescimento de 38% em relação a 2005. Para os próximos anos, a estimativa da empresa de pesquisa é que o número se estabilize em 8% de crescimento.
Notebooks
Segundo Ivair Rodrigues, diretor de Pesquisa da IT Data, foi o segmento de notebooks que teve crescimento mais significativo. Em 2004, 51% das vendas eram feitas pelo mercado cinza, número que caiu para 36% no 1º semestre de 2006. ?Ele tem muito a crescer, pois do mercado total de vendas de PCs ele representa apenas 7,8%, mas significa uma evolução de 95% em vendas até o final do ano. Em 2007 crescerá 47% aumentando a participação do bolo total de PCs para 10,5%?, acrescentou.
Os varejistas também descobriram o maior interesse do consumidor por notebook, que antes representava 10% das vendas e agora chega a 21%. As vendas diretas dos fabricantes representam 37% e por canais 42%.
No mercado de desktops, o perfil das vendas é diferente: por canais 19% do total, pelo varejo 22% e de forma direta 59%.
O BNDES abriu uma linha de crédito de RS$ 250 milhões para financiar as vendas pelo varejista. Desse total, 70% foram utilizados por quatro empresas, uma das quais financiou até junho passado 76 mil máquinas.
O crescimento das vendas teve reflexo positivo em toda a cadeia de produção, além do varejo. A porcentagem de motherboards vendidas ilegalmente caiu de 60% em 2004 para 21% até o primeiro semestre de 2006. ?Hoje a diferença de preço entre uma placa legal está em apenas 5%?, disse Rodrigues.
Esses números também caíram para gabintes, memórias e outros componentes. O segmento de hard disk, que tem um único fornecedor local, a Samsung, apresenta uma diferença de 15% com o mercado legal. Esse número deve ainda diminuir, pois a empresa está implantando uma nova linha de produção e cogita montar um modelo de hard disk para notebooks.
Impostos
Em termos de arrecadação de impostos sobre a comercialização, o estudo mostra que com a redução do mercado informal houve um incremento geral de 33%. No primeiro semestre de 2005 foram vendidos R$ 5.260 bilhões contra RS$ 6.510 bilhões no primeiro semestre de 2006. O imposto pago pelos fabricantes oficiais foi de R$ 362 milhões e RS$ 483 milhões, respectivamente, no mesmo período. Os impostos pagos pelos fabricantes de ?PC Clones? foi de R$ 70 milhões no primeiro semestre de 2005 contra RS$ 64 milhões no primeiro semestre de 2006. No total, o Governo arrecadou R$ 432 milhões em 2005 e R$ 547 milhões em 2006.
Esses números, segundo o assessor especial da Presidência da República, José Luiz Maio de Aquino, estão sendo analisados pelo Ministério da Fazenda, que credita esses números mais ao crescimento das vendas do que pela redução do mercado ilegal.
No entanto ele revelou que o número da mão de obra devido ao Programa cresceu em 27% em 2005 e 16% até junho de 2006, nos 48 fabricantes de PCs autorizados. ?O varejo, em média, contratou dois novos funcionários dedicados à venda de PCs em suas lojas?, afirmou.