Os investimentos pesados que as operadoras vêm realizando em SDP (service delivery platform, ou plataforma de entrega de serviços) para a oferta de novos serviços e conteúdos digitais podem resultar em um retumbante fracasso se elas não se reposicionarem na cadeia da produção digital. A observação em tom de alerta foi feita pela gerente de soluções para telecomunicações da IBM, Glauciene Bentes, durante em palestra no 1º Fórum de TI para Operadoras, realizado nesta quarta-feira (12/9) e promovido pelas revistas TI INSIDE e TELETIME, publicadas pela Converge Comunicações.
Para a especialista, que participa de um grupo de estudos mundial da IBM sobre novas tecnologias, ao contrário da estratégia que vem sendo seguida por muitas operadoras, a criação, distribuição e gerenciamento de conteúdo digital deve ficar a cargo de outras empresas que compõem a cadeia, tais como estúdios e gravadoras, os chamados agregadores ? que comercializam conteúdos e gerenciam os direitos autorais ?, distribuidores e portais. ?As teles que quiserem ser bem-sucedidas terão de se reposicionar para ficar no centro dessa cadeia, formando parcerias com essas empresas, já que a produção de conteúdo não faz parte nem do know-how nem do negócio delas?, diz Glauciene.
Ela ressalta que as operadoras têm inúmeras outras competências ? nas quais deveriam concentrar o foco ? que podem trazer ganhos de receita, além de retorno do investimento em redes, TI e sistemas para a implantação das plataformas SDP. Um bom posicionamento, na opinião da executiva, seria na área de propaganda online, uma das que mais vêm crescendo nos últimos tempos na internet. Como exemplo, cita a Vodafone que recentemente firmou um acordo no Reino Unido com uma empresa de publicidade para fornecer propaganda online nos seus serviços de conteúdo. Os clientes que aceitam anúncios nas telas ganham descontos em serviços.
De acordo com Glauciene, a preocupação das operadoras deve ser defender a participação no mercado de banda larga por meio de investimentos em redes. Pois é isso é o que vai garantir a elas a promoção do que ela chama de ?visão dos 4 As?, ou seja, a disponibilidade dos serviços em qualquer lugar, a qualquer hora, para qualquer pessoa e em qualquer dispositivo. ?Explorar o potencial de marketing junto a base de clientes e adotar um conceito inovador de desenvolvimento de novos serviços também são cruciais para que obtenham sucesso?, enfatiza.
A especialista da IBM diz que esse reposicionamento na estratégia para a oferta de conteúdo digital é que também uma forma de as operadoras se defenderem da competição com distribuidores e portais, que não necessitam da rede de telefonia para oferecer seus conteúdos. ?O site de música iTunes, da Apple, e portais como Yahoo! e MSN são exemplos típicos disso. A diferença é que somente as teles são capazes de oferecer formas flexíveis de pagamento, simplicidade na cobrança dos serviços e de garantir os 4 As. Por isso, a estratégia deve ser de estabelecer parcerias?, finaliza Glauciene.