Uma extraordinária mudança está acontecendo em âmbito global, com o aumento da importância das atividades transacionais complexas (tácitas). Essa mudança foi tema de artigo publicado na coluna de destaques deste site em 19 de agosto de 2008.
Uma das questões observadas foi que os maiores salários eram encontrados em organizações em que o trabalho exige maior ênfase em atividades tácitas como, por exemplo, em organizações de desenvolvimento de software.
Outro aspecto observado foi que as organizações que dependem mais de atividades transacionais complexas (tácitas) têm maior risco financeiro, ou seja, enquanto algumas organizações obtêm um excelente retorno financeiro, outras amargam grandes prejuízos.
Logo, é importante aprimorar os modelos de gestão da organização, que incorporem sistemas de aprendizagem e gestão do conhecimento. Lembrando que a principal fonte de qualquer tipo de conhecimento, ainda é de domínio do complexo cérebro humano é importante que os gerentes fiquem atentos à capacidade intelectual de seus colaboradores.
Em geral, os gerentes das organizações de TI e Telecom têm cobiçado um novo super profissional não só com habilidades técnicas (hard skills), mas principalmente com 100% (cem por cento) de habilidades comportamentais (soft skills).
Uma pesquisa realizada junto a gerentes de organizações de TI e Telecom na região de metropolitana de Boston, pela University of Massachusetts, identificou os atributos deste super profissional. Alguns resultados mostram que o super profissional de TI e Telecom deve possuir:
*Habilidades básicas em TI (IT skills) nas seguintes áreas – sistemas operacionais, editor de texto, correio eletrônico, planilhas de cálculo, preparação de slides de apresentação, compreensão geral de ética e confidencialidade com o uso dessas ferramentas.
*Habilidades técnicas (hard skills) – ter domínio amplo dos assuntos de sua área de conhecimento (redes, software, sistemas de computadores) sendo especializado em alguns determinados (redes – sem fio, software – descrição de requisitos, sistemas de computadores – mainframe).
*100% de habilidades comportamentais (soft skills) que envolvem capacidades de – comunicação oral e escrita, identificação e resolução de problemas, trabalhos colaborativos e em equipe, autogestão e automotivação e conhecimento contextual do trabalho.
Nesse estudo, os gerentes das organizações de TI e Telecom manifestaram claramente que não pretendem contratar profissionais que possuam somente habilidades técnicas, valorizando também aqueles que possuem habilidades básicas em TI e alto grau de habilidades comportamentais. No caso brasileiro, supomos que deve ser exigido também que o profissional possua fluência de no mínimo um idioma estrangeiro.
Tradicionalmente, as instituições de ensino privilegiam a formação em habilidades básicas de TI e técnicas, formando profissionais com deficiência no desenvolvimento de habilidades comportamentais. O currículo em geral deve ser reformulado para formar este super profissional de TI e Telecom cobiçado pelo mercado. Dessa forma, enquanto não acontece essa mudança é importante que os profissionais de TI e Telecom busquem complementar a sua formação para se adequarem às necessidades do mercado.
Autor: Luis Fernando Ramos Molinaro, professor doutor da Faculdade de Tecnologia da UnB – Universidade de Brasília. Área de atuação em Gestão de Organizações de Telecomunicações e de Tecnologia da Informação.
Colaboradores:Marcelo Stehling Castro, professor da UFG.
Karoll Haussler Carneiro Ramos, consultora de empresas e mestranda da UnB.