Mercado de TI em 2012 no contexto da conjuntura brasileira

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A maioria dos artigos e matérias que lemos, fala a respeito de uma demanda gigantesca por profissionais de TI. Já li algo como 70 mil posições em aberto.
Todos os veículos de imprensa especializados em TI são unânimes em dizer que o mercado interno continua aquecido e vem impulsionando o crescimento da área, estimado em mais de 8,8% para 2012. Interessante olhar para estes números tendo como referência a forte crise internacional e a desaceleração do PIB nacional.
Devemos entender este cenário de diversas maneiras. Uma delas é observando a nova forma de pensar dos executivos e empresários. Há não muito tempo, TI era vista simplesmente como despesa; hoje é evidente que investir em TI em tempos de crise garante a sobrevivência e, em tempos de vacas gordas, mantém a competitividade.
Claro que em qualquer lugar do mundo existem demissões em tempos de crise. O que mudou é que as empresas utilizam TI nos momentos de crise para que os serviços não parem, e em tempos de crescimento, é necessário expandir e, por isso, ter mais TI para suportar o crescimento.
Uma outra maneira de entendermos a manutenção do crescimento é lembrarmos que o maior consumidor de TI no Brasil é o governo e ele vem investindo fortemente para atender as exigências das entidades internacionais que promoverão os grandes eventos esportivos nos próximos anos. Uma das conseqüências da realização destes eventos é a chegada no Brasil de uma série de empresas internacionais. O interessante, neste caso, é observar que boa parte destas empresas está passando por crises em seus países e vêem o Brasil como uma oportunidade de sobrevivência.
A constituição destas subsidiárias tem, na maioria das vezes, os executivos oriundos das matrizes à frente das operações, mas a grande maioria dos profissionais são contratados aqui.
Até aqui nada de muito novo. Mas gostaria de olhar para outros lugares neste mercado e entender com outros olhos.
Comecemos pelas escolas secundárias. Os jovens sabem da abundância de empregos e, mesmo não gostando ou não sabendo muito bem o que se faz em TI, procuram cursos ligados a área porque sabem que conseguir o primeiro emprego está mais fácil em TI do que em outras áreas. A cada dia é mais comum encontrarmos empresas investindo em escolas de nível médio para garantir mão de obra especializada com baixo custo. Observamos que as maiores demandas estão na formação da garotada nas áreas de desenvolvimento de sistemas e suporte a micro informática.
Todo este movimento no mercado está causando um verdadeiro frenesi nas faculdades. A parceria com empresas, algo raro antigamente, tornou-se muito comum e o objetivo tem sido a elaboração de currículos que irão atender às necessidades específicas das corporações.
A grande oferta de posições vem provocando mudanças importantes no mercado; o troca-troca de empregos nos cargos da base da pirâmide vem acontecendo de maneira, às vezes, assustadora; muitas ofertas e as particularidades de postura da geração Y fazem com que o mercado torne-se absolutamente efervescente. Converso com meus amigos empresários e executivos e a reclamação é sempre a mesma: este pessoal vai embora por poucos reais a mais.
O meio e a parte superior da pirâmide não estão tão aquecidos como a base, mas um outro acontecimento vem tirando o sono dos executivos brasileiros: a concorrência internacional.
A chegada de mão de obra especializada que, fugindo da crise internacional está encontrando no Brasil um bom celeiro de oportunidades, vem fazendo com que a gerência média e os executivos brasileiros corram de volta para os bancos das universidades para aumentarem a sua empregabilidade.
Podemos concluir para 2012 que a velha e boa lei da oferta e procura vem agindo fortemente no mercado de TI. A oferta está abundante e a quantidade de novos profissionais não está conseguindo atender às demandas do mercado. O reflexo nos reajustes e ofertas salariais tem ficado muito acima de épocas passadas.
Diferente do que foi dito pela presidenta Dilma, que o PIB brasileiro para 2012 já estava perdido, o PIB para o mercado de TI vai muito bem obrigado!

Alberto Marcelo Parada, formado em administração de empresas e análise de sistemas, com especializações em Gestão de Projetos pela FIAP. Já atuou em empresas como IBM, CPMBraxis, Fidelity, Banespa, entre outras, e atualmente integra o quadro docente nos cursos de MBA da FIAP. Diretor de Projetos Sustentáveis da Sucesu-SP

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