Com a evolução acelerada da tecnologia e o aumento das demandas no trabalho, a latência na computação tornou-se um dos principais desafios para os hyperscalers. À medida que o desenvolvimento de soluções baseadas em inteligência artificial se acelera, é mais importante do que nunca melhorar o desempenho e a eficiência de ambientes multicloud, buscando respostas e resultados mais rápidos. Com isto, a competição entre os provedores de serviços em nuvem tem se intensificado. Essa demanda crescente de respostas rápidas e processamento ágil tem forçado os provedores a repensar estratégias para garantir uma experiência de usuário fluida e eficiente.
Quando falamos sobre o efeito que as ferramentas de IA têm nesse ambiente multicloud, forçando as empresas a fornecerem resoluções com tempos de espera cada vez mais curtos, é importante saber como a arquitetura de rede e os pontos de acesso podem afetar diretamente a velocidade de processamento e resposta. A abordagem outside-in-edge-first tem se mostrado eficaz ao levar os recursos de computação mais próximos do usuário final, reduzindo a latência. Além disso, a implementação de IA nas soluções de nuvem tem sido fundamental para otimizar a eficiência operacional e garantir uma experiência do usuário mais ágil e personalizada.
Se formos definir o que é latência e por que ela é importante, temos que considerar a velocidade com que as informações são transmitidas em uma rede de computadores. Latência é o tempo necessário para que um pacote de dados viaje do ponto A ao ponto B em uma rede. Em termos simples, é o atraso que ocorre entre o envio de uma solicitação e o recebimento da resposta. Este atraso pode ser influenciado por diversos fatores, como a largura de banda disponível, o congestionamento da rede e a distância física entre os pontos A e B.
Esse tempo de espera afeta diretamente a experiência do usuário, especialmente em programas usados em tempo real, como jogos online, videoconferências e serviços financeiros. Alta latência pode resultar em atrasos, lentidão e uma experiência geral insatisfatória.
Com o crescimento exponencial da quantidade de dados e a complexidade das aplicações, as expectativas em relação à latência aumentaram. Os hiperescaladores precisam lidar com cargas de trabalho que exigem processamento em tempo real para manter a competitividade.
A latência está desafiando a hierarquia estabelecida da nuvem, que tradicionalmente depende de centros de dados. Para lidar com as crescentes exigências, os provedores precisam reconsiderar a arquitetura da nuvem e como os dados são processados e entregues.
Centralização dos dados ou abordagem descentralizada
A arquitetura centralizada, em que todos os recursos são gerenciados a partir de um único data center ou de um número limitado deles, enfrenta grandes desafios relacionados à latência devido à distância física dos usuários finais. Por isso, uma abordagem descentralizada e distribuída tende a ser mais eficiente, garantindo uma experiência do usuário mais rápida e otimizada.
Para minimizar isso, os provedores de nuvem centralizados estão investindo em tecnologias como Redes de Entrega de Conteúdo (CDNs), Otimização de Protocolos, Hardware de Alta Performance e outras técnicas para reduzir este 'atraso' na entrega do resultado, garantindo uma experiência mais fluida e eficiente.
Provedores de nuvem distribuídos adotam estratégias como Computação na Borda (Edge Computing), possibilitando o processamento de dados mais próximo dos dispositivos finais para reduzir o tempo de resposta ou o desenvolvimento de infraestrutura local. A abordagem outside-in-edge-first foca em trazer os recursos de computação e armazenamento para mais perto dos usuários finais, ao invés de depender exclusivamente de centros de dados centralizados.
Como exemplos positivos desta abordagem, podemos mencionar o uso de edge computing em aplicativos de realidade aumentada, na transmissão de vídeos ao vivo, nos provedores de serviços de streaming e na indústria de jogos online.
Por outro lado, existem desafios a serem considerados no uso desta abordagem, como a complexidade da infraestrutura, a segurança dos dados, a integração com os sistemas existentes e a gestão eficaz de todos estes recursos. Além disso, é importante garantir a conformidade com as regulamentações de privacidade e segurança de dados em cada região ou país onde a empresa opera.
Os hiperescaladores estão enfrentando um cenário em que a latência se tornou um ponto crítico para garantir uma experiência de usuário satisfatória. A abordagem outside-in-edge-first surge como uma solução promissora, oferecendo vantagens significativas para reduzir o tempo de espera e melhorar o desempenho. No entanto, a implementação bem-sucedida desta abordagem requer uma gestão cuidadosa da infraestrutura e uma abordagem robusta para segurança e privacidade. À medida que a tecnologia continua a evoluir, a capacidade de lidar com a latência será crucial para a competitividade e sucesso dos provedores de nuvem.
Helder Ferrão, gerente de estratégia de indústrias da Akamai LATAM.