A gestão da internet no Brasil pode servir de exemplo para a construção da governança internacional da rede mundial de computadores. A afirmação foi feita pelo membro do Comitê de Gestão Brasileira da Internet, Gustavo Gindre, durante a abertura do 2º Fórum para a Governança da Internet, nesta segunda-feira (12/11), no Rio de Janeiro.
Gindre reconheceu que existem dificuldades específicas para o desenvolvimento de um controle mundial da internet. Em entrevista à Agência Brasil, ele disse que encontrar o equilíbrio das forças que devem exercer essa governança é um dos maiores desafios da comunidade internacional. Segundo ele, os níveis de dificuldade em termos mundiais são muito maiores.
O especialista destacou que, no Brasil, o comitê gestor é formado por membros da sociedade civil, incluindo empresários, organizações não-governamentais (ONGs) e universidades, e por um único governo. "E no âmbito internacional, como deve ser feita a seleção dos governos participantes? Que critério usar?", questionou. "Sejam quais forem as conclusões sobre um ponto de equilíbrio para esse espaço, uma coisa é certa: terá que ser ocupado pelo que se chama de multistakeholder [representantes de diversos setores], que é o que se tem hoje no Brasil?, defendeu Gindre.
Para ele, no cenário nacional, o maior desafio do Comitê Gestor da Internet é envolver a população no debate. Gindre acredita que muitos brasileiros não enxergam a real urgência desse tipo de discussão por entenderem que outras questões têm mais destaque, como a fome, o analfabetismo, a existência de população de rua. ?Apesar disso, a gente tem cada vez mais claro que esse é um tema meio para conseguir tratar todos os outros. É preciso dotar as pessoas da capacidade de se comunicar?, afirmou.