A compra da fabricante de equipamentos de redes 3Com pela HP, aproximadamente US$ 2,7 bilhões, anunciada na quarta-feira, 11, já era um movimento esperado por analistas do mercado de TI. Com o negócio, a HP ganha musculatura para disputar em pé de igualdade o mercado de infraestrutura de redes com a Cisco, que recentemente entrou na disputa pelo segmento de servidores.
Segundo o gerente de pesquisa e análise de mercado da IDC, Reinaldo Roveri, a estratégia da HP é oferecer um portfólio completo de soluções avançadas para data centers e TI. Para ele, a compra da 3Com fazia todo sentido devido ao fato de seus produtos serem complementares aos da HP e também por elas já terem um alinhamento comercial e cultural, como, por exemplo, por realizarem vendas por meio de canais.
Roveri explica que a partir do momento em que a Cisco entrou no mercado de servidores, seus parceiros, como a própria HP, começaram a buscar alternativas para fazer frente a essa movimentação. "Como resposta, a HP comprou a 3Com, incorporando soluções que faltavam em seu portfólio", observa.
O sócio-diretor da TGT Consult, Pedro Bicudo, lembra também que a expansão do portfólio de produtos pela HP tem como estratégia a preparação para o novo cenário de TI, marcado pela consolidação e tecnologias integradas, como colaboração e cloud computing. "Além disso, é importante para companhias de capital aberto, como a HP, expandirem o campo de atuação para continuarem crescendo e obtendo lucro, respondendo as expectativas de seus acionistas. E a aquisição também teve esse propósito."
De acordo com Roveri, o fato de a Cisco ter entrado no mercado de servidores, além da crise mundial, que reduziu o preço dos ativos de muitas empresas, também impulsionaram a compra da 3Com pela HP. Com a aquisição, ele diz que a HP passa a ser uma importante concorrente da Cisco no segmento de redes, já que terá diferenciais para brigar em preço e facilitar a negociação com os clientes, principalmente por causa do seu braço financeiro.
O analista da IDC avalia que a HP, ao incluir as soluções de rede em uma oferta completa, também pode se dar ao luco de reduzir as margens de lucro para conquistar vendas e participação de mercado. "A HP deve ganhar market share no mercado de redes. Mas o tamanho do seu avanço vai depender de como a Cisco reagirá a essa estratégia da HP." Roveri, inclusive, vê a possibilidade de novas aquisições pela Cisco como resposta à compra da 3Com. "Talvez essa aquisição aguçe a Cisco em seguir expandindo o seu campo de atuação."
Uma das vantagens da HP com a aquisição, citada por Roveri, reside no fato de grande parte da receita da 3Com não estar relacionada com a venda de produtos em regime de OEM (do inglês Original Equipment Manufacturer), ou seja, fabricar para terceiros, que colocam sua própria marca para vendê-los ao consumidor. "Isso fará com que a HP ganhe um mercado que não está atrelado a seus concorrentes", conclui Roveri.
Como já tem posição relevante no mercado de hardware e no do serviços, após a compra da EDS, a única lacuna no portfólio que falta para a HP preencher é a de software e a próxima aquisição da companhia, segundo os analistas, pode ser de uma empresa dessa área.
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