A Check Point Research (CPR), divisão de Inteligência em Ameaças da Check Point Software, publicou o Índice Global de Ameaças referente a outubro de 2024. O relatório aponta um aumento significativo de infostealers ("ladrões de informações", em tradução livre) como o Lumma Stealer, enquanto malwares móveis como o Necro continuam a representar uma ameaça relevante, destacando as táticas cada vez mais sofisticadas empregadas por cibercriminosos em todo o mundo.
Em outubro, pesquisadores descobriram uma cadeia de infecção na qual páginas falsas de CAPTCHA são usadas para distribuir o malware Lumma Stealer, que alcançou a 4ª posição no ranking mensal de malwares mais detectados no mundo. Essa campanha se destaca pelo seu alcance global, afetando diversos países, incluindo o Brasil (na 5ª posição no ranking mensal de malwares do país), por meio de dois vetores de infecção principais: um envolvendo URLs de downloads de jogos pirateados e outro por meio de e-mails de phishing direcionados a usuários do GitHub, representando uma nova abordagem inovadora de vetor de ataque.
O processo de infecção leva as vítimas a executar um script malicioso que foi copiado para sua área de transferência, destacando a crescente prevalência dos infostealers como um meio eficaz para os cibercriminosos realizarem a exfiltração de credenciais e dados críticos de sistemas comprometidos.
No campo dos malwares móveis, a nova versão do Necro emergiu como uma ameaça significativa, ocupando a 2ª posição no ranking entre os malwares móveis. O Necro infectou vários aplicativos populares, incluindo modificações (mods) de jogos disponíveis no Google Play, com uma audiência cumulativa de mais de 11 milhões de dispositivos Android.
O malware Necro utiliza técnicas de ocultação para evitar a detecção e emprega a esteganografia – prática de ocultar informações dentro de outra mensagem ou objeto físico para evitar sua identificação – para esconder suas cargas. Uma vez ativado, esse malware pode exibir anúncios em janelas invisíveis, interagir com eles e até mesmo inscrever as vítimas em serviços pagos, evidenciando as táticas cada vez mais sofisticadas que os atacantes utilizam para monetizar suas operações.
"O aumento de infostealers sofisticados evidencia uma realidade crescente. Os cibercriminosos estão evoluindo seus métodos e explorando vetores de ataque inovadores. As organizações precisam ir além das defesas tradicionais, adotando medidas de segurança proativas e adaptativas que antecipem ameaças emergentes para enfrentar esses desafios persistentes de forma eficaz", afirma Maya Horowitz, vice-presidente de pesquisa da Check Point Software.
Top 10 Malware Global
1. FakeUpdates
2. Androxgh0st
3. AgentTesla
4. Lumma Stealer
5. Formbook
6. NJRat
7. AsyncRat
8. Remcos
9. Glupteba
10. Vidar
Principais vulnerabilidades exploradas em outubro
Top 3 global
. Web Servers Malicious URL Directory Traversal (CVE-2010-4598, CVE-2011-2474, CVE-2014-0130, CVE-2014-0780, CVE-2015-0666, CVE-2015-4068, CVE-2015-7254, CVE-2016-4523, CVE-2016-8530, CVE-2017-11512, CVE-2018-3948, CVE-2018-3949, CVE-2019-18952, CVE-2020-5410, CVE-2020-8260)
. Command Injection Over HTTP (CVE-2021-43936,CVE-2022-24086)
. Zyxel ZyWALL Command Injection (CVE-2023-28771)
Principais malwares móveis em outubro
Joker – É um spyware Android no Google Play, projetado para roubar mensagens SMS, listas de contatos e informações de dispositivos. Além disso, o malware contrata a vítima silenciosamente para serviços premium em sites de publicidade.
Necro – Necro é um Android Trojan Dropper. Ele é capaz de baixar outros malwares, exibir anúncios intrusivos e roubar dinheiro cobrando assinaturas pagas.
Anubis – O Anubis é um malware de Trojan bancário projetado para telefones celulares Android. Desde que foi detectado inicialmente, ele ganhou funções adicionais, incluindo a funcionalidade de Trojan de Acesso Remoto (RAT), keylogger, recursos de gravação de áudio e vários recursos de ransomware. Ele foi detectado em centenas de aplicativos diferentes disponíveis na Google Store.
Principais setores atacados no mundo e no Brasil
Em outubro de 2024, a Educação/Pesquisa prosseguiu como o setor mais atacado a nível mundial, seguido pelo Governo/Forças Armadas e por Comunicações.
1.Educação/Pesquisa
2.Governo/Forças Armadas
3.Comunicações
No Brasil, os três setores no ranking nacional mais visados por ciberataques durante o mês de outubro foram:
1.Governo/Forças Armadas
2.Comunicações
3.Saúde
Principais grupos de ransomware
Em outubro, o RansomHub prosseguiu como o grupo de ransomware mais prevalente responsável por 17% dos ataques publicados, seguido pelo Play com 10% e o Meow indicando 5% dos ataques.
1.RansomHub – RansomHub é uma operação Ransomware-as-a-Service (RaaS) que surgiu como uma versão renomeada do anteriormente conhecido ransomware Knight. Aparecendo com destaque no início de 2024 em fóruns clandestinos de crimes cibernéticos, o RansomHub rapidamente ganhou notoriedade por suas campanhas agressivas direcionadas a vários sistemas, incluindo Windows, macOS, Linux e, particularmente, ambientes VMware ESXi. Este malware é conhecido por empregar métodos de criptografia sofisticados.
2.Play – Play é o nome de um programa do tipo ransomware. O malware classificado como tal opera criptografando dados e exigindo resgates para a descriptografia. Play Ransomware, também conhecido como PlayCrypt, é um ransomware que surgiu pela primeira vez em junho de 2022. Esse ransomware tem como alvo uma ampla gama de empresas e infraestrutura crítica na América do Norte, América do Sul e Europa, afetando aproximadamente 300 entidades até outubro de 2023. O Play Ransomware geralmente obtém acesso às redes por meio de contas válidas comprometidas ou explorando vulnerabilidades não corrigidas, como aquelas em VPNs SSL da Fortinet. Uma vez dentro, ele utiliza técnicas como o uso de binários de living-off-the-land (LOLBins) para tarefas como exfiltração de dados e roubo de credenciais.
3.Meow – O Meow Ransomware é uma variante baseada no ransomware Conti, conhecido por criptografar uma ampla gama de arquivos em sistemas comprometidos e anexar a extensão "[.] MEOW" a eles. Ele deixa uma nota de resgate chamada "readme[.]txt", instruindo as vítimas a contatar os atacantes por e-mail ou Telegram para negociar os pagamentos do resgate. O Meow Ransomware se espalha por vários vetores, incluindo configurações RDP desprotegidas, spam de e-mail e downloads maliciosos, e usa o algoritmo de criptografia ChaCha20 para bloquear arquivos, excluindo "[.]exe" e arquivos de texto.
Os principais malwares de outubro no Brasil
No mês passado, o ranking de ameaças do Brasil continuou apontando o AgentTesla como líder do ranking nacional com impacto de 36,71% (desde junho está na liderança no país). O segundo malware que mais impactou no Brasil em outubro passado foi o FakeUpdates com impacto de 9,10% às organizações no país, e o Androxgh0st ocupou o terceiro lugar cujo impacto foi de 8,12%.