O programa de governo eletrônico do governo federal está trabalhando na implantação de uma rede nacional de recondicionamento e reciclagem de computadores e seus derivados. Já com três centros em funcionamento no país atualmente, o primeiro foi inaugurado em Porto Alegre, em abril do ano passado. Em dezembro, foram instaladas as unidades do Gama, no Distrito Federal, e de Guarulhos, em São Paulo, que aguardam inauguração.
A implantação de Centros de Recondicionamento e Reciclagem de Computadores (CRC) faz parte do projeto Computadores para Inclusão. A coordenação da iniciativa está cargo da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI), do Ministério do Planejamento. Segundo o secretário-adjunto da SLTI e coordenador do Comitê de Inclusão Digital, Rodrigo Assumpção, o objetivo é recuperar milhares de computadores descartados anualmente pelos órgãos governamentais e pela iniciativa privada e destiná-los à iniciativas de inclusão digital como telecentros, escolas e biblioteca.
Para viabilizar o projeto, o governo estabelece parcerias com instituições locais que se responsabilizam pela manutenção e funcionamento das unidades. Na implantação dos centros já em funcionamento, o Ministério do Planejamento firmou um convênio com o Centro Social Marista de Porto Alegre (Cesmar), com a Associação de Apoio à Família, ao Grupo e à Comunidade (Afago), no Distrito Federal, e com a ONG Oxigênio, em São Paulo.
As oficinas são adaptadas para o processo de recepção de equipamentos usados, triagem, recondicionamento, armazenagem, entrega e descarte ambientalmente correto de componentes e computadores não aproveitáveis. Todo o trabalho de recuperação dos equipamentos é realizado por jovens aprendizes.
?Os centros são instalados em regiões periféricas das cidades, possibilitando inserir profissionalmente jovens em situação de risco?, acrescentou o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna.
Conforme dados da Associação Brasileira de Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o parque instalado de computadores de mesa no Brasil era de cerca de 21 milhões de unidades até o fim de 2006. A associação estima, ainda, um fluxo de entrada de 7,8 milhões de equipamentos novos por ano. O governo estima que as empresas renovam o seu parque empresarial no máximo em dois anos. Somente em 2004, por exemplo, a Caixa Econômica Federal (CEF) separou para descarte 27 mil equipamentos e o Banco do Brasil outros 50 mil.
A seleção de projetos que receberão os equipamentos recondicionados é de responsabilidade da Coordenação Nacional do Projeto CI, composta por representantes dos Ministérios do Planejamento, Educação, Trabalho e Emprego, dos CRCs integrantes da rede e dos parceiros que aportam recursos ou serviços. Os interessados em receber equipamentos recondicionados devem se inscrever a partir do formulário disponível no link http://www.governoeletronico.gov.br.
As instituições interessadas em doar equipamentos ao projeto também devem contatar a gerência executiva do projeto informando a quantidade, configuração e localização dos equipamentos que pretende disponibilizar. O e-mail para contato é projeto.ci@planejamento.gov.br.
De acordo com Assumpção, a iniciativa brasileira é inspirada no projeto desenvolvido desde de 1993 pelo Canadá denominado Computadores para Escolas (Computers for Schools). Ele é mantido pelo governo canadense com apoio de organizações não-governamentais na coleta, reparo e distribuição de computadores doados por governos, empresas e indivíduos. O CFS entregou mais de 400 mil computadores em dez anos de experiência e estima-se que um quarto das necessidades de equipamentos das escolas públicas canadenses é provido pelo programa. Também são beneficiados centros de alfabetização, centros comunitários, entre outros. Mais de 1,3 mil jovens a cada ano adquirem capacitação e experiência prática nas oficinas do CFS.
Outra experiência relevante é a desenvolvida desde 2000 pela Colômbia com o programa Computadores para Educar (CPE), seguindo o modelo canadense. A iniciativa é conduzida pelo governo colombiano com apoio de diversos parceiros privados. Desde a sua criação, foram distribuídos mais de 26 mil computadores recondicionados beneficiando mais de 2,5 mil escolas. As oficinas são operadas por aprendizes de centros de formação técnica.