Se não pode com o inimigo, imite-o. Ao que tudo indica, a Microsoft decidiu seguir à risca essa máxima de mercado e adotar a mesma estratégia utilizada já há algum tempo por sua arqui-rival Apple. A gigante do software anunciou nesta sexta-feira, 13, que pretende abrir uma cadeia de lojas de varejo, nos mesmos moldes das Apple Store, o que, se confirmado, abrirá uma nova frente na disputa feroz que anos ela vem travando com a empresa de Steve Jobs nas áreas de sistemas operacionais, aplicativos e até mesmo games.
A nova tacada da Microsoft foi revelada na quinta-feira, 12, com a contratação de David Porter – que recentemente comandava a distribuição mundial de produtos da Dreamworks Animation SKG – como vice-presidente corporativo para lojas de varejo.
Em um comunicado, a empresa disse que a primeira prioridade de Porter, que também ocupou um cargo executivo da rede de hipermercados Wal-Mart por 25 anos, será para definir os locais das lojas e quando abri-las. Um porta-voz da empresa disse que o plano inicial será a abertura de um pequeno número de lojas.
Também por meio de um comunicado, Porter declarou que há "grandes oportunidades" para a Microsoft criar uma "experiência de compra de classe mundial" para os clientes da empresa.
"O propósito da abertura dessas lojas é a de criar maior compromisso com os consumidores e saber em primeira mão sobre o que eles desejam e como compram", disse a empresa na nota.
De acordo com analistas, a iniciativa da Microsoft é um forte sinal do papel que o negócio de varejo passou a ter para as empresas de tecnologia de consumo, apesar dos riscos envolvidos.
A própria Apple enfrentou um ceticismo generalizado quando ele começou a abrir suas próprias lojas de varejo em 2001. Agora, porém, oito anos mais tarde, a empresa tem uma cadeia de mais de 200 lojas em todo o mundo, as quais têm ajudando a impulsionar as vendas de Macs, iPods e iPhones.
Os analistas observam, contudo, que algumas empresas sem tradição no varejo, que tentaram e estabelecer uma presença rua, naufragaram devido à falta de experiência, embora avaliem que a contratação de Porter, um especialista em varejo, deve minimizar o risco.
Stephen Baker, analista do NPD Group na área de varejo, observa que a Apple não enfrentou problemas no negócio de varejo porque ela mesma desenvolve o software de seus hardwares. "Já para a Microsoft, isso vai ser um grande desafio", afirmou. Há ainda, segundo ele, a questão do conflito que a iniciativa da Microsoft pode gerar entre seus atuais parceiros de varejo, como a Best Buy, da qual dependente em grande as suas vendas para consumidor final. Para tentar amenizar esse conflito, a Microsoft disse que irá compartilhar as lições que aprende a partir de suas próprias lojas com outros varejistas.
Embora ressalte que ainda não detalhou o plano de atuação no varejo, a Microsoft disse que as lojas poderão comercializar uma extensa gama de produtos, como computadores pessoais executando o seu sistema operacional Windows, celulares com o sistema operacional Windows Mobile e o seu console para videogame Xbox.
De todo modo, para os analistas, os problemas enfrentados por outros fornecedores de tecnologia com a abertura de lojas próprias, como da fabricante de computadores Gateway, que em 2004 abriu uma rede de mais de 188 lojas e, pouco tempo depois, devido as vendas fracas, teve de fechá-la, ira pairar sobre a Microsoft. Mesmo porque a única experiência da empresa no varejo não prosperou. Foi uma loja que ela operava dentro de um complexo de salas de cinema e teatro em San Francisco, no início de 1999, que fechou dois anos depois. Com informações do The Wall Street Journal e do Financial Times.
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