Uma das questões mais comuns em discussões sobre estratégias de cibersegurança é: o time de operações deve ser interno, terceirizado ou híbrido? A resposta, como em muitas decisões empresariais, é: depende.
Embora uma resposta mais direta seja desejada, a escolha certa depende de diversos fatores, como a maturidade da empresa no tema, seu tamanho e orçamento disponível. Para ajudar nessa decisão, vamos explorar as particularidades de cada modelo, destacando vantagens e desafios, e como essas opções podem atender às necessidades de diferentes organizações.
A Complexidade das Operações de Cibersegurança
Uma operação de cibersegurança pode ser simples ou complexa, dependendo de como a empresa enxerga sua estratégia. Essa operação pode incluir diferentes equipes, como:
– Time de monitoramento (Nível 1 e Nível 2);
– Resposta a incidentes;
– Gestão de vulnerabilidades;
– Inteligência em ameaças.
Cada estrutura será moldada pela estratégia de cibersegurança da organização. Para fins de análise, vamos nos concentrar em uma operação básica, composta por um time de monitoramento (N1 e N2) e um time de resposta a incidentes. Qual seria a melhor estratégia para gerenciar essa equipe: internalizar, terceirizar ou optar por um modelo híbrido?
Equipe Interna: Vantagens e Desafios
será totalmente responsável por contratar, capacitar e gerenciar os profissionais necessários. Isso envolve não apenas salários, mas também treinamentos, reciclagens e planejamento de equipe.
Vantagens:
– Alinhamento cultural: Os profissionais vivem a cultura da empresa, compreendendo profundamente seus processos e ativos críticos.
– Controle estratégico: O conhecimento do negócio facilita a elaboração e execução de estratégias adaptadas à realidade da organização.
– Decisões ágeis e precisas: O time interno entende o impacto de um incidente no negócio e pode agir rapidamente com base nesse conhecimento.
Desafios:
– Escassez de talentos: A contratação de profissionais qualificados é um grande obstáculo em um mercado com alta demanda.
– Retenção de talentos: Reter profissionais em um setor tão competitivo exige esforços contínuos.
– Custos de capacitação: Investir na atualização constante do time é essencial para lidar com novas ameaças e tecnologias.
Operação Terceirizada: Proposta e Riscos
No modelo terceirizado, a responsabilidade de contratar, treinar e gerenciar os profissionais recai sobre o parceiro contratado. Isso reduz a carga administrativa da empresa e pode oferecer maior flexibilidade para lidar com variações na demanda.
Vantagens:
– Escalabilidade: O parceiro pode ajustar o tamanho da equipe conforme as necessidades do negócio, atendendo a períodos de maior ou menor demanda.
– Redução de custos administrativos: A empresa terceirizada gerencia a equipe, incluindo capacitação e manutenção das competências necessárias.
– Acesso a especialistas: Parcerias com empresas de cibersegurança podem oferecer acesso a tecnologias e conhecimentos de ponta.
Desafios:
– Conhecimento limitado do negócio: Profissionais terceirizados podem ter dificuldade em entender os processos internos e os ativos críticos da empresa.
– Engajamento cultural: A falta de alinhamento com a cultura organizacional pode impactar a qualidade das decisões em situações críticas.
– Dependência do parceiro: A entrega dos serviços depende diretamente da qualidade e do comprometimento do parceiro.
Modelo Híbrido: O Melhor dos Dois Mundos?
O modelo híbrido combina as vantagens dos dois anteriores. Nesse cenário, as atividades mais operacionais, como o monitoramento de segurança (N1 e N2), são delegadas a um parceiro externo, enquanto o time de resposta a incidentes e outras funções táticas permanecem internalizadas.
Vantagens:
– Flexibilidade: O parceiro pode ajustar a equipe operacional conforme as demandas sazonais do negócio.
– Foco estratégico: O time interno concentra-se em atividades críticas e decisões estratégicas, enquanto o parceiro executa tarefas rotineiras.
– Colaboração otimizada: Playbooks e runbooks criados pelo time interno guiam as ações do parceiro, garantindo alinhamento.
Desafios:
– Integração: O sucesso depende de uma colaboração estreita entre os times interno e terceirizado.
– Gestão do parceiro: É essencial monitorar e garantir que o parceiro atenda aos níveis de serviço acordados.
Conclusão
Não existe uma solução universal para operações de cibersegurança. A escolha ideal depende da estratégia de negócios, do orçamento disponível e da maturidade da empresa no tema. Cada modelo, interno, terceirizado ou híbrido, apresenta vantagens e desafios únicos.
Por isso, antes de decidir, avalie cuidadosamente fatores como:
– O alinhamento da estratégia de cibersegurança com os objetivos organizacionais,
– A capacidade de atrair e reter talentos,
– A necessidade de flexibilidade e escalabilidade.
Ao considerar esses aspectos, será possível definir um modelo que atenda às demandas atuais e futuras da organização, fortalecendo sua postura em cibersegurança.
Eder Souza, CTO da e-Safer.