A Sabesp adotou nova tecnologia de inteligência artificial na detecção de vazamentos não visíveis nas redes de distribuição de água de Franca e municípios da região, como Pedregulho, Jeriquara, Ribeirão Corrente, Igarapava e São João da Boa Vista.
A Companhia recorreu a um sistema, desenvolvido pela Startup Stattus4, que usa os sons gerados pelos vazamentos como matéria-prima para identificação e localização daqueles pontos de vazamentos que não afloram nas ruas.
Os testes da nova tecnologia foram iniciados em novembro de 2020 e apresentaram resultados positivos, com o aperfeiçoamento nas coletas de dados, agilidade e maior precisão nos rastreamentos, permitindo uma rápida redução dos volumes de água perdidos nas redes de distribuição e nos volumes captados dos mananciais.
Como funciona
A nova tecnologia utiliza um dispositivo móvel, denominado haste de escuta, para gravar os sons gerados nas ligações de água das residências. As amostras são coletadas no período noturno, pois são mais "limpas" e sem interferência de barulhos externos de automóveis, pedestres e outros ruídos que podem comprometer o material.
Todas as gravações são enviadas para um sistema em nuvem que adota inteligência artificial para analisá-las, comparando-as com um grande banco de dados de sons de vazamentos, e apontando os pontos suspeitos, ou seja, de possíveis vazamentos.
Essas informações são posteriormente enviadas para profissionais especializados em detectar vazamentos da Sabesp, os geofonistas, através de um aplicativo no celular para que eles possam verificar in loco todos os locais suspeitos.
"Antes de usarmos esse programa, os profissionais tinham que percorrer o bairro inteiro fazendo a escuta. Então, o trabalho ganhou uma eficiência enorme, com aumento expressivo da assertividade e isso deixou a equipe operacional e os geofonistas mais motivados e valorizados por efetivamente localizarem mais vazamentos", afirmou o engenheiro Fernando Colombo, gestor de perdas da Sabesp Franca, que destacou o uso de smartphones como imprescindível para a implantação do programa, especialmente dos aplicativos desenvolvidos para coletas de amostras e confirmações de vazamentos.
Como as equipes estavam habituadas a realizar os trabalhos de forma manual, foi feita a inclusão digital dos colaboradores com treinamentos específicos e acompanhamentos individuais em campo.
O novo sistema exigiu também várias adaptações com mobilização de gerentes, engenheiros, geofonistas e Setor Operacional em conjunto com a startup. "O trabalho em equipe e envolvimento do pessoal de campo foram fundamentais para o sucesso do projeto", disse a engenheira Maria de Fátima Brito Ferreira, do setor operacional na Sabesp Franca.
Vantagens
Comparado a contratações convencionais, o programa possibilitou a pesquisa de uma área duas vezes maior em um mesmo período de tempo e reduziu os custos financeiros anuais em mais de 50%. Além disso, foram confirmados 43% a mais de vazamentos. Houve impacto também no índice de perdas. Em São João da Boa Vista foi registrada economia superior a 100 litros de água por ligação por dia.
É importante ressaltar que a localização e manutenção de vazamentos não visíveis diminui exponencialmente os casos de novos rompimentos e vazamentos nas redes de abastecimento, pois combate os pontos vulneráveis do sistema, deixando-o mais estanque.
Referência e reconhecimento
A divulgação do trabalho com inteligência artificial para detecção de vazamentos resultou em benchmark e outras unidades da Sabesp passaram a usá-la em função do projeto piloto em Franca e região.
O projeto também foi premiado. Ficou classificado entre os cinco melhores trabalhos na PNQS – Premiação Nacional de Qualidade em Saneamento de 2022, na categoria PEOS – Premiação de Eficiência Operacional em Saneamento. No ano anterior, havia conquistado o segundo lugar no Prêmio Empreendedor Sabesp – Tecnologia.
A expectativa é de que o sistema seja aplicado em outros municípios da Unidade de Negócio Pardo e Grande – RG, integrada por Franca e a macrorregião, totalizando 31 municípios.