Professores da Universidade de Brasília (UnB) apresentaram na segunda-feira (12/6) uma prévia dos resultados de testes feitos para a rádio digital com a tecnologia européia DRM (Digital Radio Mondiale). O sistema está sendo analisado em parceria com a Radiobrás, onde também será testado.
O DRM concorre com a tecnologia adotada pelos Estados Unidos, a Iboc (In-Band-On-Channel), que é testada por emissoras comerciais do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte. O Brasil deve adotar um dos dois modelos quando implementar a rádio digital.
Embora ambos sejam parecidos, existem algumas diferenças entre eles. O modelo Iboc oferece uma versão para faixa de ondas médias, conhecida como AM, e uma versão para faixa FM. O DRM tem uma versão para faixa de ondas médias e curtas e uma versão para faixa de FM ainda a ser desenvolvida.
Segundo o diretor da faculdade de tecnologia da UnB, Humberto Abdala, a intenção em fazer testes para a faixa AM é torná-la competitiva com a FM. "As rádios AM existem, mas poucas pessoas as ouvem por causa da qualidade inferior à da FM. Para o usuário, importa saber se a digitalização vai trazer qualidade na tecnologia do produto."
Ele afirmou que o espaço para novas emissoras está congestionado, principalmente para a faixa FM. Na avaliação dele, se após os testes o modelo DRM der certo, isso significa uma nova para as rádios comerciais. "As ondas curtas têm capacidade de colocar mais 20 rádios em uma cidade como Brasília. Se essa faixa de ondas curtas se mostrar interessante ao final dos testes, estaremos disponibilizando mais 20 canais de rádio para cada região, para cada metrópole brasileira", ressaltou Abdala.
O professor de engenharia elétrica e membro do grupo de radiodifusão da UnB Lúcio Martins explica que a transmissão no formato digital poderá gerar uma economia de pelo menos de 80% na potência usada para transmissões, além de atingir a mesma área de cobertura e de diminuir a interferência de uma emissora na outra. "O sistema vai permitir o som limpo, a recepção em certos locais considerados ruins para a tecnologia analógica (como em túneis) e a qualidade de transmissão como se a pessoa estivesse ouvindo um CD."
De acordo com Martins, a equipe fará três testes com o DRM, que serão apresentados para a Anatel. O teste com ondas curtas está em fase final. "Estamos fazendo em uma caixa especial que chamamos de 26 megaHertz, um uso diferente do habitual, para fazer cobertura similar da que é conseguida com a rádio FM. Em seguida, faremos testes em ondas médias, que é a AM."
Para analisar a faixa AM, a equipe irá usar os transmissores da Rádio Nacional AM. Segundo Martins, será instalado um aparelho na emissora que vai permitir a transmissão simultânea de sinal analógico, já existente, e do digital. "Queremos fazer testes em ondas curtas novamente, mas com recepção brasileira de um sinal de longa distância, provavelmente transmitindo da América Latina ou da Europa."
Com informações da Agência Brasil.