Durante painel no CIAB FEBRABAN 2018, realizado nesta terça-feira, 12, em São Paulo (SP), Cândido Bracher, presidente do Itaú Unibanco, mostrou que a digitalização bancária não deve ser subestimada. De acordo com ele, 69% do lucro do banco no último ano foi obtido através de transações realizadas por meios digitais. Para ele, o resultado é uma resposta do modo como a transformação digital é tratada pelo banco.
O executivo descreveu como é a estratégia de transformação digital no banco. Estabelecida não como etapas, onde se encontra períodos de estabilidade e depois volta-se a investir na tecnologia, e sim como uma jornada permanente. "Decidimos não deixar o legado para trás e sim transformá-lo", disse o executivo.
Para isso, o Itaú Unibanco fez uma série de mudanças. A primeira foi na gestão de pessoas, que passou de uma estrutura hierarquizada para um ambiente mais aberto e colaborativo, para facilitar a entrega de processos em ciclos menores. Junto a isso, foram contratados experts em tecnologia, chegando a 13 vezes mais pessoal especializado que em 2015.
"Nosso centro de analytics, fundado em 2017, conta com 50 cientistas de dados. Também trabalhamos com o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA) para formar novos cientistas", comentou Bracher. O Itaú Unibanco ainda conta promove hackatons com as equipes internas do banco e idealizou o Cubo, incubadora localizada em São Paulo e que vai dobrar de tamanho em sua reinauguração marcada para agosto.
Ainda de acordo com ele, nuvem, blockchain e inteligência artificial (AI) são os focos das iniciativas digitais do banco. Com isso, novas soluções como a "esteira de cheque", sistema que valida assinaturas nos cheques a partir de AI, e o "Teclado Itaú", que permite a realização de transferências bancárias sem precisar sair do app que o usuário está usando para entrar no do banco, têm aparecido.
Mas os canais digitais são a verdadeira menina dos olhos do Itaú Unibanco. Em dois anos, o chat do banco cresceu 154%, enquanto as chamadas no call center caíram 73% no último ano. "A adoção ao canal digital ainda cresce, alcançando 19% no último ano", destacou Bracher, mostrando que a frequência nas agências físicas tem diminuído nos últimos anos.
Fintechs, criptomoedas e big techs
Bracher ainda teve tempo para comentar sobre as fintechs durante seu painel. "Elas são uma oportunidade para o setor financeiro, pois fertilizam o mercado e são focadas em produtos específicos, e o fazem muito bem", disse. "Mas por outro lado, não tem força para lidar com uma ampla gama de serviços mais complexos como os bancos tradicionais oferecem."
Ainda segundo ele, as fintechs desafiam os bancos a melhorarem e, citando uma frase que lembra ter visto, diz: "Os estabelecidos precisam encontrar a inovação antes que os inovadores encontrem a distribuição".
Sobre criptomoedas, ele ainda considera a tecnologia muito nova e as consequências de sua aplicação ainda estão longe de ser encontradas. Para o executivo, elas ainda são algo arriscado para o setor financeiro em termos de investimento, devido a sua volatilidade. "Serve como uma experiência, mas não deve trazer muito impacto atualmente."
Por fim, ele falou sobre as grandes empresas de tecnologia, como o Google, e o que poderia acontecer caso elas entrassem no setor financeiro. "Primeiro que não vejo elas entrando neste mercado em um curto prazo. Segundo, é um setor muito regulado e específico. Mas, enfrentando as mesmas regras que nós, não vejo problema caso um Google entre na disputa", finalizou o Bracher.