A crescente oferta de provedores e de serviços na nuvem disponibiliza uma infinidade de soluções customizadas, mas, mesmo que boa parte dos processos tradicionais executados em um data center sejam migrados para a nuvem, aparentemente para grandes organizações sempre haverá necessidade de uma infraestrutura on-premise.
Ainda assim, uma pergunta parece circular sem parar nos meios de TI: a nuvem vai matar os data centers? Existem várias respostas para esta pergunta, dependendo do ponto de vista.
Você pode ter ouvido rumores de que o data center corporativo está sendo extinto pela computação em nuvem. Já em 2018 estava em debate uma possível substituição do data center tradicional pelos serviços baseados em nuvem, com projeções apontando 2021 como o ano limite para esse processo.
Realidade é bem diferente
Mas não foi isso o que aconteceu, como comprova relatório do Gartner, que aponta o mercado de data center em crescimento.
Em 2020, o mercado realmente apresentou uma queda de 10%, refletindo a crise por conta da pandemia, mas, em 2021, já voltava a subir – 6%, e com previsão de crescimento contínuo até 2024.
Segundo analistas do Gartner, esse crescimento é impulsionado principalmente pela adoção da IoT, que aumenta a demanda de serviços não apenas em grandes Data Centers (privados e colocation), mas também em médios, pequenos e micro Data Centers.
Será a hora de migrar tudo?
Embora muitos CFOs e executivos possam adorar a ideia de eliminar os data centers, não acredito que grandes empresas tenham planos de migrar todos os seus sistemas, aplicações e dados, entre outros, para a nuvem. Na verdade, acredito que existam mais empresas tentando descobrir como modernizar os principais sistemas legados que permanecem no data center do que tentando migrar tudo para a nuvem.
Preocupações com segurança e conformidade, confiabilidade/disponibilidade e gerenciamento são alguns dos problemas apontados pelos CIOs para manterem seus data centers em funcionamento. Atualmente, com normas como a GDPR e LGPD, que regulam a privacidade dos dados, empresas precisam estar atentas a todos os sistemas de segurança oferecidos pelos provedores de nuvem, assim como seus planos de contingência em casos de desastres ou violações.
Um novo ponto de equilíbrio
Ao que tudo indica, a indústria vai encontrar um novo equilíbrio, como sempre acontece quando enfrenta uma tecnologia disruptiva. Quando ouvimos falar da "extinção" dos data centers, acredito que isso se refere apenas ao impacto nas pequenas empresas, que estão em condições de perceber benefícios imediatamente, graças ao tamanho e escala de suas operações, o que lhes permite adotar mudanças facilmente e que já não investiam em data centers próprios.
As organizações maiores, por outro lado, têm muito dever de casa a fazer antes de descartarem seus ativos de armazenamento de dados físicos. Os altos volumes de dados e outros aspectos importantes, como segurança e privacidade, são considerações que ainda precisam ser abordadas na migração para a nuvem.
Os data centers vão desaparecer à medida que a nuvem pública, privada e híbrida cresce? Não. Data centers e nuvem continuarão crescendo para acompanhar a economia que se espera que volte a crescer com o fim da pandemia.
Então, a resposta certa para a pergunta "a nuvem vai matar o data center?", parece ser realmente "ainda não". Tanto a nuvem quanto o data center ainda vão conviver por um longo período.
Ricardo Perdigão, diretor da Tecnocomp.