Desde março, o Hospital Sírio-Libanês gerencia a administração de medicamentos a pacientes de forma eletrônica, usando 160 PDAs da Motorola. Cerca de 2 mil funcionários revezam o uso dos equipamentos no atendimento a pacientes que ocupam os 370 leitos da instituição.
Margareth Ortiz de Camargo, superintendente de tecnologia da informação do Sírio-Libanês, informa que o projeto, que custou R$ 1 milhão, teve como objetivo principal dar mobilidade ao corpo de enfermagem, possibilitando ganhos em agilidade, produtividade e "aconchego ao paciente", a partir da premissa da segurança já existente na instituição. "O grande diferencial é a mobilidade", explica.
Ela enfatiza que a principal preocupação do hospital é a segurança do paciente, o que reflete nos projetos de TI. "A gente quer fazer de tudo para assegurar que o paciente seja tratado dentro da prescrição feita para ele", informa Margareth. Para obter maior assertividade no processo de aplicação de medicamentos aos pacientes, portanto, ela explica que existem "os cinco certos da enfermagem": o medicamento certo, para o paciente certo, na dose certa, no horário certo e aplicado pelo profissional certo.
Para que não haja falhas, o processo segue a seguinte rotina: dentro do sistema de informação é realizada a prescrição do médico. A enfermagem faz o aprazamento (designa os horários corretos que a medicação será aplicada, seguindo a orientação do médico) e as informações são cadastradas no sistema. "Dessa forma, no momento que a medicação chega ao leito, nós bipamos a pulseira do paciente, o crachá do profissional e o código de barras do medicamento. Isso me remete ao sistema, que vai ainda checar a dose e o horário", explica Margareth. Segundo ela, esse conjunto de regras garante que o paciente vai receber a medicação na dose certa, acrescentando confiabilidade e, consequentemente, reduzindo potencialmente a possibilidade de erros.
A metodologia de segurança, no entanto, não é uma novidade. Desde de 2008, o hospital já realizava o mesmo processo, mas por meio de um desktop localizado ao lado do leito do paciente. Todavia, Margareth ressalta o custo como um entrave do antigo método. "Eu uso um computador inteiro e ainda tenho que pagar a licença de uso dos software da Microsoft, e isso gera custos", afirma.
Além disso, ela conta que os pacientes reclamavam de alguns incômodos, como as luzes do aparelho ligadas durante toda a noite e a entrada de um técnico de informática no quarto, caso o computador apresentasse algum problema. "Em 2008, achamos que era esse o caminho, conseguimos fazer a segurança, a ideia foi boa, mas o mecanismo não estava legal, precisávamos dar mais mobilidade", conta.
Nessa época, Margareth conta que a mobilidade para o processo de administração à beira de leito já era pensada pela equipe de TI, "mas quando estudamos tecnicamente o hardware e o software que a gente tinha naquela época, o hardware não correspondia". Ela destaca a importância de fazer testes antes de decidir pela solução, principalmente por conta da quantidade de leitos existentes no hospital.
Outra barreira encontrada na época era a rede sem fio. O Hospital Sírio-Libanês não tinha a rede instalada em todos os lugares. Por conta desse entrave é que também optou-se por adotar a solução de mobilidade posteriormente. Sendo assim, em 2009, a equipe passou seis meses estudando qual seria o melhor hardware para esse tipo de aplicação, e iniciou o processo de implantação total da rede sem fio. A partir do fim de 2009, o desenvolvimento da solução começou a acontecer e foi finalizado no prazo de um ano e meio.
Benefícios práticos
Margareth explica que o auxiliar de enfermagem sempre carrega uma bandeja com a medicação. Por esse motivo, atrapalharia o trabalho caso trouxesse algo mais consigo. Para dinamizar ainda mais o cotidiano desses profissionais, a instituição desenvolveu também um cinto, já que o PDA é pequeno, para segurar os equipamentos junto ao corpo do profissional, de forma prática e segura.
Ela ressalta a produtividade como um benefício já evidente. A adesão dos profissionais de saúde ao novo método em prol da segurança foi integral. Margareth explica que anteriormente ao PDA, os profissionais de enfermagem davam prioridade para dar o medicamento ao paciente e depois bipar no sistema. "Agora, ele já está com ele na cintura e bipa rapidinho com equipamento em mãos. Fcou bem interessante", comemora.
A superintendente de TI informa que a usabilidade do pequeno computador foi aceita pelos funcionários sem ressalvas. "A aplicação web é mais fácil, mais limpa, a gente desenvolveu só aquilo que realmente usa; é didático e personalizado", explica.
Os colaboradores também ganharam agilidade, porque antes era preciso se deslocar até o quarto do paciente, aonde estava o microcomputador, para confirmar a medicação. "Com a mobilidade, o processo foi reduzido em alguns minutos, "principalmente quando se repete o mesmo procedimento trinta vezes ao dia", enfatiza a superintendente.
Esse tempo excedente costuma ser usado, segundo Maragareth, para, por exemplo, proporcionar maior acolhimento ao paciente, "o processo ficou mais aconchegante para o próprio paciente", acredita. Segundo ela é muito difícil quantificar o retorno do investimento, mas o maior ganho é a qualidade conquistada pelo hospital. "Nosso retorno é exatamente isso que você vê na mídia: O Sírio é uma instituição segura", afirma.
Margareth ainda aproveita para acrescentar que mesmo a implantação tendo acontecido apenas neste ano, a solução é inovadora. "Muitos hospitais usam PDA para outras aplicações, para checagem a beira leito mesmo acredito que sejam poucos", conclui.