A MRS Logística, uma das principais empresas do setor de logística no Brasil e responsável pelo transporte de 113 milhões de toneladas de cargas em 2006, acaba de assinar contrato com a Oracle para a implantação de seu projeto de modernização tecnológica. O valor do acordo não foi divulgado.
A empresa, cuja malha ferroviária cruza três dos mais importantes estados do país (Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo), utilizará no projeto os modelos de gerenciamento de empresas de aviação comercial, táxi aéreo, aviação offshore, oficinas especializadas em manutenção de aeronaves e outros segmentos de manutenção de alta complexidade.
O contrato com a MRS marca a primeira venda da Oracle do sistema cMRO (Complex Maintenance Repair and Overhaul) no Brasil. O cMRO é uma ferramenta desenvolvida de acordo com requisitos e normas mundiais para gestão, controle e realização de manutenção em aeronaves e locomotivas, entre outros meios de transporte.
A primeira fase do projeto será a implementação do processo de manutenção para material rodante (locomotivas e vagões), empregando o produto cMRO, e manutenção de via permanente e sinalização eletrônica, empregando o produto EAM (Enterprise Asset Management). O objetivo é dar suporte tecnológico à empresa, que tem plano de crescimento arrojado para a operação e a produtividade. "Nosso grande objetivo na escolha por Oracle é a possibilidade real de montar sistemas de informação e operação capazes de garantir maior confiabilidade, maior disponibilidade e menores custos com manutenção", diz Luiz Cláudio Torelli, diretor de ativos da MRS Logística.
Ele explica que a operação de uma ferrovia é completamente diferente de uma indústria, que possui uma base de operação fixa. "Nós estamos presentes em 110 cidades, com seis centros de manutenção e várias atividades descentralizadas, e hoje temos de ter pessoal e peças em todos os lugares. Além disso, possuímos paradas programadas de manutenção por tempo, consumo, produção, hora de trabalho ou quilômetro rodado para cada item, cada vagão, cada locomotiva. A manutenção de via (trilhos, dormentes, etc.) e dos sistemas de sinalização e telecomunicações funciona da mesma forma", diz Torelli.
Segundo ele, a MRS precisava de uma solução tecnológica que permitisse a troca de informações, completas e precisas, e a conseqüente redução do tempo de parada de ativos, de falhas de locomotivas, de vagões, de vias e de sinalização Tudo para garantir a segurança necessária para pôr seus planos de crescimento em prática. "Em 2010, seremos vanguarda mundial no setor", acrescenta Torelli.
A plataforma Oracle desenvolvida para a MRS, que já usava o banco de dados 10g, é bastante abrangente. "Trata-se de um projeto que será referência para o setor", afirma Silvio Genesini, presidente da Oracle do Brasil. "Vencemos a concorrência porque oferecemos uma solução de gestão integrada, que será importante para a empresa atingir suas metas de crescimento", completa.
Ao longo de três anos, o operador logístico irá implementar os módulos de manutenção, financeiro, suprimentos, comercial e faturamento, projetos, CRM, recursos humanos, além do Oracle Fusion Middleware, empregando o conceito do BPM/SOA (Business Process Management e Services Oriented Architeture) e o Collaboration Suite para substituir o Lotus Notes.
Há dez anos, a MRS ? privatizada da antiga RFFSA ?, transportava 40 milhões de toneladas/ano, com faturamento de R$ 300 milhões. Em 2006, a empresa transportou 113,3 milhões de toneladas e faturou R$ 2,3 bilhões. Os contratos firmados até agora já projetam o transporte de 200 milhões de toneladas/ano até 2010. "Em 2010 ou 2011, estaremos passando pelos principais pontos da nossa malha com um trem a cada 15 minutos, ou talvez até menos. Essa taxa é similar à de trens de passageiros ou até de um metrô. Em termos de volumes transportados, a MRS será uma das mais densas ferrovias do mundo, se não for a mais densa", avalia Torelli.
A meta com o nosso sistema, segundo ele, é ter controle rígido em toda a malha ferroviária administrada. "Com a implementação da tecnologia Oracle, associada a outros investimentos, no futuro estaremos monitorando os trens em tempo real, em qualquer posição na malha. Por isso, teremos um sistema de transponder em toda a linha, que dará a localização exata; todos os vagões terão um RFID (identificação por radiofreqüência, em português), informando tudo o que há dentro de um compartimento, bem como informações sobre a condição do vagão", finaliza.