Gerir uma empresa global é uma experiência que envolve uma série de desafios únicos – ao mesmo tempo que cria oportunidades surpreendentes de desenvolvimento humano. Uma das mais importantes, no caso das empresas de tecnologia, é a possibilidade de trabalhar com equipes plurais, diversas, de diferentes cultura e países – fazendo brotar ou apenas reforçar (em alguns casos) no gestor competências necessárias para um bom líder: a flexibilidade, resiliência e a atribuição (delegação) de funções.
Para aproveitar ao máximo essas oportunidades, percebi ao longo da minha carreira, que um dos caminhos para o sucesso de um gestor é promover canais de comunicação claros e eficazes. A comunicação assertiva é essencial para alinhar os objetivos organizacionais e garantir que todos estejam trabalhando na mesma direção. Um bom gestor é necessariamente um bom comunicador. Vejo até mesmo que não é possível separar a comunicação da liderança. Isso porque um bom gestor é aquele consegue exercer influência sobre sua equipe e isso se dá, principalmente, em função da habilidade de se comunicar.
Feedbacks
A boa comunicação não inclui apenas falar, mas sim, saber ouvir. Dessa forma, o gestor consegue ter feedbacks valiosos a respeito das atividades, das metas a serem alcançadas e até mesmo sobre a atuação do próprio gestor – o que contribui para autoavaliação e para a correção de rotas no gerenciamento da equipe.
Desta forma, estabelecer um diálogo com os membros da equipe para compreender melhor as diversas origens culturais é uma boa forma para entender como as diferenças podem afetar todos os envolvidos, da mesma forma que todos podem encontrar formas alternativas de trabalhar.
Por exemplo, empresas com negócios ou sede na Ásia têm dificuldades em encontrar horários para reuniões com empresas no Brasil. Se são todos membros da mesma equipe, é possível negociar que durante um período alternado, as equipes revezam nos turnos da noite, com reuniões nesses horários. Criar um ambiente positivo para essas discussões, ajuda a obter uma compreensão dos vários requisitos culturais.
Liderança bem assistida
As multinacionais também costumam oferecer programas avançados de desenvolvimento de liderança, elaborados pelos maiores líderes do setor mundial. O investimento contínuo dos líderes é muito importante e inclui treinamentos em habilidades técnicas e interpessoais, autoconhecimento, capacidade de tomar decisões eficazes, metodologias ágeis para atender melhor aos clientes (internos e externos) e trazer ganhos de produtividade à toda equipe.
Este cenário contribui para que o líder entenda a estratégia global e assim consiga adaptá-la ao foco e à cultura "modus operandi" local. Ou seja, é válido o desenvolvimento de uma gestão que considere as particularidades de cada país. Isso inclui customizar produtos e serviços às necessidades e preferências dos clientes regionais, incluindo compliance e governança a fim de estar em conformidade com as regulamentações, evitando riscos legais e reputacionais.
A inovação contínua é a chave tanto das soluções globais quanto das locais. As tecnologias avançadas, principalmente de IA, são criadas para automatizar processos e melhorar a eficiência operacional, mas não funcionam da mesma forma em todos os países. Muitas vezes a adaptação de produtos e serviços exige pesquisa e desenvolvimento local para se manter à frente da concorrência e atender às particularidades regionais de cada mercado.
Gerenciar uma equipe global pode parecer uma empreitada desafiadora – quase uma provocação dependendo da fase de vida em que o gestor está – porém os benefícios são certos e chegam cedo ou tarde.
Francisco Menezes, VP da Dahua Technology Brasil.