A Nokia Siemens Networks vê o Brasil como um dos principais mercados do mundo para a implantação de novos conceitos tecnológicos e inovação em plataformas de comunicação. Para o chief of customer operations da empresa, Bosco Novak, para qualquer europeu, estar no Brasil é como tomar uma bebida energética. "É como chegar aqui e tomar dois Red Bull. O País vive um momento estimulante e único. Certamente o Brasil e outros mercados emergentes passarão muito melhor por esta crise econômica do que o resto da Europa."
Para ele, esse momento econômico e a possibilidade de aprender com os erros de outros países pode ser uma vantagem. "Do ponto de vista de telecom, o Brasil ainda está um ano e meio atrás da Europa em termos de tráfego de dados na rede e adoção de smartphones, e isso é uma vantagem", diz o executivo.
Ele aponta que as redes brasileiras ainda não têm grandes desafios de tráfego de rede e sinalização, "mas certamente isso poderá acontecer". A Nokia Siemens está apostando no conceito de "rede líquida" como parte de sua estratégia tecnológica para o País, justamente como uma resposta a esse iminente risco de sobrecarga. "Basicamente, nós propomos um modelo de rede em que ela se adapta aos pontos de maior demanda de tráfego sem a necessidade de ajustes constantes de infraestrutura", diz Bosco Novak, lembrando que em mercados avançados o consumo de tráfego de dados por BTS já é 75% proveniente de serviços de vídeo. Ele lembra que para desenvolver as redes de banda larga móvel também existe um desafio monumental em termos de infraestrutura. "Uma rede LTE começa no backbone. Sem isso, não tem rede 4G", diz.
Estratégia
Hoje o Brasil é um dos sete países prioritários para a NSN, ao lado de EUA, China, Japão, Coréia do Sul, Índia e Rússia. A empresa acredita que a partir deste ano deve haver uma forte aceleração dos investimentos em rede por parte das operadoras, sobretudo devido ao fato de os principais ajustes societários já terem sido realizados. "A vantagem é que hoje as operadoras já podem pensar em ofertar serviços para as classes C e D porque a tecnologia está mais barata do que nunca".
A NSN explica que a maior parte da inteligência e diferenciação tecnológica hoje está na camada de software e inovação, além da oferta de serviços. "Hoje, a Nokia Siemens tem 47% das suas receitas com serviços e dos 53% restantes, metade já é em soluções baseadas em software.
Em relação às dificuldades financeiras enfrentadas pela empresa nos últimos anos, Novak explica que a NSN é a que mais cresce em receitas nos últimos dois anos, o que mostra que do ponto de vista dos clientes existe uma opção. No médio prazo, o plano da NSN é abrir capital. "Mas os investidores hoje não querem saber quantos buracos você abriu para passar uma rede de fibra. Eles querem saber qual a sua capacidade de inovar, e é nisso que estamos focados".