O crescimento da base de acessos de banda larga móvel já indicava, mas agora a pesquisa TIC Domicílios 2015 confirma: o principal dispositivo para acessar a Internet no País é o celular. O estudo, realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do NIC.br e CGI.br, mostra que do total de usuários conectados (58% da população brasileira com 10 anos ou mais) no ano passado, 89% utilizam o smartphone para acesso e 65% pelo computador (desktop, notebook ou tablet). Em 2014, 80% diziam se conectar com computador e 76% com celular. Os dados podem ser conferidos clicando aqui.
É importante ressaltar, porém, que a metodologia do Cetic.br apenas pergunta se o usuário acessou a Internet ou não nos últimos três meses. Conforme explica o coordenador da TIC Domicílios, Winston Oyadomari, a pesquisa segue padrões internacionais, mas há uma mudança na percepção do acesso por conta de aplicativos como WhatsApp, Facebook e Twitter. "A gente está passando por um momento em que a Internet é cada vez mais invisível; hoje é uma realidade de experiência de uso social do celular, (a pessoa) usa a Internet talvez até sem saber", diz. Segundo ele, a metodologia para captar esse uso está sendo discutida "não apenas no Brasil", mas ainda não há algo conclusivo.
Desigualdade
Conforme a pesquisa TIC Domicílios, em 2015 pouco mais de um terço (35%) dos usuários de Internet acessaram a rede apenas pelo celular, enquanto em 2014 essa proporção era de 19%. Essa tendência de o smartphone ser o único aparelho conectado ocorre mais nas classes C (44%) e DE (65%) e nas áreas rurais (56%), bem como nas regiões Norte (55%) e Nordeste (43%). Segundo Oyadomari, há uma coerência na relação dessa desigualdade com a de acessibilidade de banda larga. "Os indivíduos mais dependentes de uso de celular são os que mais têm carência de banda larga nos domicílios", ressalta. Confira no gráfico abaixo.
Com o aumento do uso do celular para acessar a Internet, também houve avanço na conexão Wi-Fi para economizar na franquia de dados móveis. Tanto que a utilização do Wi-Fi na "casa de outra pessoa (família, amigos)" cresceu de 2014 para 2015: de 30% para 56%. Oyadomari explica que antes, a conexão era mais associada a computadores e, por isso, não era tão forte. Ainda assim, o acesso do Wi-Fi continua a ser maior na própria residência, ficando praticamente estável (90% no ano passado, contra 89% em 2014). No trabalho, o uso aumentou de 33% para 38% no período.
Franquias e Wi-Fi
O gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa, ressalta também a distribuição por classe social quando a conexão é feita somente pelo celular. Conforme pode-se notar na tabela, a média brasileira é de 87% para conexão Wi-Fi (contra 74% em 2014), contra 72% pelo 3G ou 4G. Mas somente na classe A há uma equivalência entre os dois tipos (94% para rede móvel e 93% para Wi-Fi), enquanto nas demais há prevalência do Wi-Fi. "Tem a ver também com o pós-pago, que é a minoria das assinaturas das operadoras", declara. Segundo dados da Anatel, ao final de 2015, o pós-pago era 28,42% do total da base brasileira de 257,8 milhões de acessos na época.