Esqueça aquele sonho de ter um Herbie, o fusca turbinado do filme homônimo, pois o setor automobilístico está passando por uma nova revolução com o desenvolvimento de carros inteligentes. Em um futuro não muito distante, a Internet das Coisas (IoT) vai mudar o modelo de veículos que conhecemos atualmente. Já é possível encontrar funcionalidades tão inovadoras em painéis de automóveis que os carros são mais do que meios de locomoção e se tornam verdadeiros computadores de rodas.
Um estudo recente da Tata Consultancy Service (TCS) mostra que só em 2015 cada empresa do setor de automóveis investirá em média US$ 93,5 milhões em projetos de IoT no mundo e este número pode passar para US$ 102 milhões até 2018.
Aquela velha dificuldade de estacionar em uma vaga apertada está se tornando ultrapassada pois, hoje em dia, o carro já consegue fazer isso sozinho. Esta era uma ideia, inimaginável há alguns anos, mas já é uma realidade e é o primeiro passo para o desenvolvimento de veículos totalmente autônomos.
Grandes empresas de tecnologia desenvolvem protótipos e testam carros totalmente autônomos, que são capazes de se guiar sozinho, sem a necessidade de um condutor. Esses automóveis oferecem total segurança e funcionam com tecnologias de câmeras de detecção que permitem ao carro identificar o que acontece ao seu redor, e com tecnologias e programas instalados que o ajudam a avaliar a situação e agir corretamente.
Há muita expectativa para que até 2030 que os veículos já estejam em circulação pelas ruas e guiando passageiros com total funcionamento tecnológico. Uma pesquisa da Automotive Industry Solutions (IHS) prevê que o número de 'carros conectados' vai saltar de 23 milhões em 2014 para mais de 150 milhões em 2020.
A indústria automotiva está investindo basicamente em três principais fontes de receita de IoT: infotainment (informação e entretenimento) dentro dos carros como serviços de streaming, interação e verdadeiras assistentes pessoais que sabem da sua agenda, monitoramento de desempenho do veículo (carros capazes de fazer o próprio diagnóstico em caso de defeito) e assistentes de segurança do condutor (como câmeras de monitoramento e condução do veículo). Cada vez mais, muitos desses recursos estarão disponíveis no mercado e inúmeros projetos estão em teste e desenvolvimento neste momento.
Em meio a toda essa mudança, as empresas automotivas não colheram grandes vitórias de receita ainda. As empresas registraram um aumento de receita média de 9,9% de suas iniciativas em Internet das Coisas em 2014 sobre 2013, e projetam um novo aumento relativamente modesto de 12,3% entre 2015 e 2018, segundo estudo da TCS.
Ainda há muito caminho para percorrer e as empresas automobilísticas precisam investir em fatores que trarão o sucesso para projetos de IoT. Um viés importante a ser levado em consideração na indústria é que as companhias precisam deixar de pensar apenas como fábricas de carro e passar a se enxergarem como empresas de software.
No atual cenário, muitas empresas de tecnologia pretendem investir e abocanhar uma grande fatia deste bolo que costumava ter poucos nomes. Se os grandes players do setor automotivo não investirem em projetos integrados e revolucionários com novos designs, eles perderão muito espaço. Pois é a inovação que vai gerar novas oportunidades de negócios e de receitas.
*Henry Manzano é CEO para América Latina da Tata Consultancy Services (TCS).