O presidente e CEO da Icann, Fadi Chehadé, disse em visita a São Paulo que o modelo brasileiro de gestão da internet será líder mundial no futuro próximo. Ele anunciou a intenção da organização de abrir um escritório no Brasil. “Será muito mais que uma unidade fora de Los Angeles”, comentou. Chehadé diz que a primeira realização de sua gestão será “quebrar o centro de gravidade das decisões”, que hoje está na cidade californiana, nos Estados Unidos. “Vamos expandi-lo.”
Em sua primeira viagem oficial como representante máximo da organização responsável pela coordenação global do sistema de identificadores da internet, participou de reunião do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) na capital paulista. “Se o que tenho visto e aprendido aqui for verdade, vou ser o melhor amigo e maior fã desse modelo. Temos que levá-lo para o mundo”, disse. Ele conta que está começando uma nova era na Icann, na qual a prioridade será a internacionalização dos processos e decisões que afetam o mundo – mudança elogiada pelo coordenador do CGI, o secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Virgilio Almeida.
Na opinião do dirigente da Icann, uma das razões pelas quais o modelo brasileiro ainda não foi descoberto por outros países é o fato de não haver um paralelo. “Não temos como contrastar com outras experiências. A Nova Zelândia, por exemplo, estava tendo brigas internas enormes até bem pouco tempo atrás, justamente porque não possui algo assim, capaz de incluir os diversos segmentos”, exemplifica.
De origem libanesa, Fadi Chehadé é o primeiro presidente da história da Icann não nascido em solo norte-americano. À frente de uma organização muitas vezes criticada pelo excesso de tradicionalismo, garante: “O conselho está profundamente comprometido com a proposta de uma internacionalização verdadeira, diferente daquele modelo dos anos 50, em que o simples fato de operar em outros países definia uma ação internacional”.
O presidente da Icann garante que a aproximação com o CGI está só começando. “Vamos trabalhar juntos por uma governança multiequalstakeholder [em que todos os setores envolvidos participam das decisões com equanimidade]. E seremos como procuradores do modelo brasileiro [baseado nesse sistema] no cenário internacional. Simplesmente, porque é a coisa certa a fazer”, conclui.