Carnevali diz que sempre agiu de acordo com a matriz da Cisco

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O ex-vice-presidente da Cisco para a América Latina, Carlos Roberto Carnevali, que foi preso durante a Operação Persona, deflagrada no dia 16 de outubro pela Polícia Federal, e libertado no sábado (8/12) por ordem do juiz substituto da 4ª Vara Federal Criminal de São Paulo, Luiz Pacheco Chaves de Oliveira, encaminhou comunicado à imprensa nesta quinta-feira (13/12), no qual nega ser sócio da distribuidora Mude, um dos pivôs do suposto esquema de importações fraudulentas.

A nota, além de refutar insinuação da Cisco de que ele ?teve interesse em adquirir a Mude?, Carnevali enfatiza que sempre agiu de acordo com a matriz da empresa. ?Nos cerca de 13 anos em que estive vinculado à Cisco, nenhuma prática por mim adotada ocorreu sem o total conhecimento, aprovação e controle da matriz da Cisco nos Estados Unidos, visto que toda e qualquer operação comercial, contratação, acordo de parceiros, política de canais, concessão de crédito e determinação de níveis de desconto seguem um rigoroso processo de aprovação interna e que não se subordina diretamente às estruturas e operações de cada país?, diz Carnevali.

Ele conta no comunicado que, de 1994 até 1998, como funcionário da Cisco do Brasil, seguiu sempre o seu modelo internacional de gestão, hierarquizado e sem autonomia. ?A filial brasileira sempre foi objeto de continua auditoria pela Cisco americana?, observa. Segundo Carnevali, a partir de 1999 ele recebeu a missão de redesenhar a atuação da empresa na América do Sul e posteriormente em toda América Latina, ficando afastado do dia a dia das operações da Cisco no Brasil. ?Em 2004 fui nomeado vice-presidente da Cisco para a América Latina e Caribe, tendo a Cisco inclusive designado um novo presidente para o Brasil. Estou, portanto, há três anos totalmente afastado das operações da Cisco no Brasil, distante das práticas realizadas neste país pelos distribuidores da Cisco.?

Em outro trecho, Carnevali explica que o trabalho dele se referia ?exclusivamente à representação institucional? da Cisco na América Latina e que passava metade do tempo fora do país em viagens. ?A acusação que me fazem é de que sou sócio oculto da empresa Mude, o que é absolutamente inverídico. Não há qualquer elemento indiciário e indicativo de tal acusação, comprovando tal fato a abertura de meus próprios sigilos fiscal e bancário, já à disposição das autoridades.? E acrescenta: ?Estando prestes a completar 60 anos, após avançadas tratativas para deixar a posição de vice-presidente para a América Latina, tomei conhecimento através da mídia e com profunda estupefação de que fora demitido pela Cisco durante o período em que me encontrava custodiado, sem nem sequer haver sido notificado pela empresa?.

No comunicado, Carnevali diz que, durante os seus 40 anos de carreira, suas atitudes sempre foram pautadas por valores éticos e de transparência. ?Provarei a minha inocência e buscarei o total ressarcimento dos danos morais e patrimoniais sofridos pelas injustas acusações.?

Após o envio do comunicado, rumores no mercado davam conta que o advogado de Carnevali já teria entrado com um processo trabalhista e por danos morais contra a Cisco nos EUA. Mas, procurada pela reportagem de TI INSIDE Online, a assessoria de imprensa do executivo negou qualquer ação nesse sentido até o momento.

Carnevali estava entre as 40 pessoas detidas na Operação Persona, que desarticulou um suposto esquema de fraude e sonegação fiscal que teria como beneficiárias a americana Cisco Systems, produtora e exportadora dos produtos comercializados, e a Cisco do Brasil, que, segundo o juiz Pacheco Chaves, é a verdadeira importadora, com auxílio da distribuidora Mude e de mais 30 empresas. Segundo a Receita Federal, o esquema causou prejuízos de R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos.

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