O Brasil está atrasado? O que a China tem a ensinar sobre cibersegurança

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Em recente viagem à China, tive a oportunidade de explorar um dos mais avançados ecossistemas tecnológicos do mundo. Meu objetivo foi visitar empresas, participar de eventos e conhecer profissionais da área; além disso, a viagem reforçou minhas percepções positivas sobre o país asiático. Não é à toa que a China é uma das maiores potências mundiais, com um dos maiores crescimentos econômicos do mundo: sua estrutura e seus avanços tecnológicos constantes são notórios, e me fizeram refletir sobre como o Brasil lida com a tecnologia e a cibersegurança de forma geral.

O ritmo intenso das grandes cidades chinesas é marcante, e cada visita a organizações e centros de inovação me trouxe insights valiosos. Entre tantos aprendizados a partir dessa experiência, o que mais chamou minha atenção foi o uso intenso de dados. A informação na China é utilizada como prioridade estratégica. Para isso, o governo chinês tem acesso a quase tudo associado à vida dos cidadãos, o que envolve dilemas éticos para nós que vivemos protegidos pela LGPD. Contudo, os mecanismos de segurança para empresas e governo são bastante robustos e suas infraestruturas possuem um objetivo claro: impulsionar a indústria tecnológica local.

Lembro que uma conversa com um líder de segurança cibernética de uma grande companhia de tecnologia foi especialmente marcante. Pude perceber como a integração de inteligência artificial e big data transforma as políticas de proteção em algo quase preditivo. Não se trata apenas de reagir a ataques, mas de antecipá-los, rastreando ameaças em tempo real e ajustando sistemas para estarem prontos antes mesmo que qualquer incidente cibernético ocorra.

O uso intensivo de tecnologias avançadas é outra característica marcante da cibersegurança na China e implementada pela maioria das organizações do país. Segundo uma pesquisa da SAS, 83% das corporações chinesas utilizam IA generativa. As soluções de inteligência artificial mapeiam ameaças em tempo real, analisam comportamentos suspeitos e identificam padrões de risco preventivamente. Capacidades cruciais para proteger redes complexas e dados sensíveis.

O setor financeiro chinês é um exemplo notável de como investir nessas tecnologias é um diferencial estratégico. Plataformas como Alipay e Tencent garantem experiências de pagamento seguras para bilhões de transações diárias, sem comprometer a agilidade dos serviços e sem colocar em risco informações sigilosas como os dados pessoais de seus clientes.

Além disso, pude presenciar como as soluções de IA são integradas diretamente aos sistemas de pagamento. Foi fascinante observar como os dados são analisados em tempo real para prevenir fraudes sem comprometer a experiência do usuário. Isso me fez refletir sobre os desafios no Brasil: como encontrar esse equilíbrio entre proteção e velocidade? A urgência de combater fraudes digitais enquanto garantimos uma experiência prática e confiável é um dilema que precisa de respostas imediatas.

Cidades inteligentes: revolução tecnológica no cotidiano

Outro aspecto relevante da inovação chinesa é o uso de cidades inteligentes como campos de teste para a cibersegurança. Em visita à Pequim e Xangai, observei como a integração entre monitoramento urbano e estratégias preventivas cria um ambiente controlado e seguro. Esse sistema protege dados dos cidadãos e otimiza a resiliência contra ciberataques em infraestruturas críticas.

Além disso, a implementação dos chamados "humanos digitais" chamou minha atenção. Essas criações virtuais, alimentadas por modelos avançados de inteligência artificial, são capazes de imitar expressões, gestos e até mesmo estilos de fala de pessoas reais. Na China, eles já desempenham funções cotidianas, como triagem em serviços de saúde ou suporte a processos burocráticos, como a renovação de habilitação para motoristas, proporcionando rapidez e eficiência no atendimento. Uma mudança que poderia ser trazida para o Brasil para benefício da população e para retomada da confiança em serviços públicos, aliviar gargalos no atendimento público e otimizar serviços essenciais.

Em contraponto, é fundamental ressaltar a vigilância intensiva feita pelo governo chinês e que reflete no comprometimento da liberdade individual dos cidadãos chineses. Portanto, caberia ao Brasil um filtro: absorver as boas práticas e descartar o que é prejudicial, criando o próprio sistema de segurança inspirado no que há de melhor no mundo.

Oportunidades para o Brasil

A segurança digital não deve ser apenas um escudo contra ameaças, mas um pilar de confiança. Com políticas públicas incentivadoras, apoio governamental e uma adoção criteriosa das melhores práticas vindas do mercado oriental, o Brasil pode liderar sua transformação digital e consolidar uma posição competitiva no cenário global.

Essa viagem foi uma imersão em um futuro que já é presente em algumas partes do mundo. Mas também um convite para refletir sobre o que podemos construir aqui. Afinal, o primeiro passo para transformar a maneira como lidamos com a cibersegurança é acreditar que podemos liderar nossa própria revolução digital. E isso está ao nosso alcance.

José Cordeiro, diretor de TI da CG One.

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