Estimuladas pela disputa judicial travada pela Apple contra o FBI, que quer que a empresa quebre o código do software de criptografia do iPhone usado por um dos atiradores que mataram 14 pessoas de San Bernardino, na Califórnia, no início de dezembro do ano passado, algumas das maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos estão trabalhando para reforçar seus sistemas de criptografia e assegurar a privacidade dos dados de usuários de seus serviços, entre as quais estariam o Facebook, Google e o Snapchat, de acordo com o The Guardian.
De acordo com o jornal britânico, dentro de semanas, o serviço de mensagens WhatsApp do Facebook deve incorporar recursos de segurança para que as chamadas de voz também sejam criptografadas, além de suas tecnologias de privacidade já existentes. O serviço tem cerca de 1 bilhão de usuários mensais. Facebook também está considerando aumento dos procedimentos de segurança de sua própria ferramenta Messenger.
O Snapchat também está trabalhando em um sistema de mensagens seguro e o Google vai explorar recursos extras da tecnologia por trás do projeto de long-in de e-mail criptografado. Além disso, engenheiros de grandes empresas de tecnologia, como o Twitter, têm explorado produtos para criptografia de mensagens criptografadas.
Esses novos projetos começaram antes de a Apple iniciar a disputa jurídica com o Departamento de Justiça dos EUA. A fabricante do iPhone entrou com recurso em um tribunal federal na Califórnia no fim de fevereiro contra a ordem judicial para que quebre a criptografia do smartphone do atirador Syed Rizwan Farook. O WhatsApp, por exemplo, vem desenvolvendo criptografia forte desde 2014, tornando cada vez mais difícil para as autoridades terem acesso às trocas de mensagens do serviço.
Num claro sinal de que não evitará o confronto aberto com governos, no início deste mês o Facebook teve decretada a prisão do seu vice-presidente para a América Latina, Diego Dzodan, por ter descumprido ordens judiciais que exigiam a liberação de conversas de duas pessoas envolvidas com o tráfico de drogas na rede social, que pertence ao Facebook. Às autoridades brasileiras, o Facebook disse que não tinha capacidade técnica para fornecer as mensagens de traficantes de drogas. Facebook classificou a prisão como "extrema e desproporcional".
O WhatsApp já fornece aos usuários dos sistemas operacionais dispositivos móveis Android e iOS mensagens criptografadas. Nas próximas semanas, a empresa planeja oferecer chamadas de voz e mensagens de grupo criptografadas, segundo duas pessoas familiarizadas com o assunto disseram ao The Guardian. Isso fará com que o app, que é gratuito para download, seja muito difícil de ser acessado pelas autoridades.
Os esforços para tornar o WhatsApp menos devasável é parte da espécie de cruzada a qual se lançaram empresas do Vale do Silício, tais como Google, Facebook, Snapchat, Amazon, Microsoft e Twitter, contra a ordem judicial para que a Apple colabore com o FBI. Elas chegaram, inclusive, a assinar um documento de apoio à empresa. Mas, ao mesmo tempo, algumas das empresas têm demonstrado maior disposição de ajudar o governo nos seus esforços para combater a disseminação online de propaganda de extremistas do Estado Islâmico, usando seus serviços.