São raras as pessoas que ainda reservam um espaço em casa para guardar uma coleção de CDs ou DVDs. Atualmente, tudo isso está disponível em plataformas online e há muita tecnologia envolvida para oferecer um serviço completo e personalizado para cada usuário.
Um processo semelhante acontece na área de TI. A modernização de dados ou a data modernization, para quem preferir usar a expressão em inglês, consiste em transformar um grande volume de dados de uma empresa em resultados para os negócios.
O passo inicial desse processo é atualizar o sistema de armazenamento, ou seja, migrar de um data center físico para a nuvem. Isso porque os antigos servidores, que foram de grande utilidade por muito tempo, são insuficientes para atender às novas demandas do mercado. Segundo estudo divulgado pela consultoria Gartner, até 2025 as empresas irão destinar para a área de cloud 51% dos gastos com TI, contra os 41% de 2021.
A nuvem de fato consegue reunir uma enorme quantidade de informações. Porém, de nada adianta se não for possível acessá-las facilmente. Muitas empresas ainda possuem um sistema fragmentado que dificulta a sua utilização para alcançar resultados. A migração de servidores permite utilizar recursos mais modernos para criar uma arquitetura de dados e extrair insights capazes de cortar custos, traçar estratégias e melhorar as tomadas de decisões.
Nesse cenário, a inteligência artificial (IA) ganha destaque por ser uma ferramenta importante para identificar padrões, antecipar falhas e indicar tendências. Um estudo realizado pelo Instituto dos Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE) aponta que quatro em cada 10 especialistas consideram a IA um dos destaques tecnológicos de 2022.
O avanço da tecnologia acelera esse processo de modernização de dados. O 5G, a internet de alta velocidade e de baixa latência, por exemplo, irá impulsionar o uso de equipamentos de ponta, que vão gerar um volume de dados incalculável e exigirá grande capacidade de armazenamento e processamento. Vale lembrar que a nova rede deverá estar funcionando em todas as capitais do país até julho deste ano, de acordo com a Anatel.
Aderir ao processo de modernização também garante uma maior proteção dos dados, uma das grandes preocupações das empresas desde a LGPD, que entrou em vigor em setembro de 2021. Os protocolos de contingência dos servidores em nuvem podem identificar uma vulnerabilidade do sistema e agir rapidamente para neutralizar o risco ou minimizar as perdas de informações valiosas, uma vantagem incontestável em comparação aos antigos servidores.
Retomando a comparação entre uma mídia física e uma plataforma digital fica fácil perceber que o caminho da modernização não tem volta. Se antes era necessário gravar um ou mais de um CD com as faixas favoritas para ouvir em uma viagem, hoje a trilha sonora na estrada depende só dos algoritmos de um serviço de streaming. E assim como um servidor físico é incompatível com as novas tecnologias, uma playlist personalizada não se cria organizando álbuns na prateleira.Um sistema de IA seleciona as músicas baseado nos hábitos e nas preferências do usuário.
As grandes empresas ainda são as que mais investem na modernização de dados, mas não levará muito tempo para que as de pequeno e médio porte sigam o mesmo caminho. Será um processo inevitável, assim como foi para as pessoas trocarem a coleção de CDs e DVDs pelo streaming de áudio e vídeo.
Armindo Sgorlon, atua como empreendedor desde os 23 anos. O empresário possui MBA em Gestão Estratégica pela USP e acredita que a tecnologia é capaz de transformar todos os setores e negócios. Atualmente é CEO da SGA TI em Nuvem.