IDEC notifica órgãos de defesa do consumidor após o Twitter iniciar cobrança pela segurança de usuários

0

O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) enviou uma notificação para a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) e Secom (Secretaria de Comunicação Social), via Secretaria de Políticas Digitais, sobre o fato de o Twitter agora cobrar pela autenticação em dois fatores por meio do uso do SMS. O documento foi enviado no último dia 13 de março.

De acordo com o Idec, o Twitter nunca cobrou por esse tipo de autenticação, que é a mais utilizada pelos usuários por ser mais simples e 100% gratuita. Ao obrigar agora a assinatura do plano pago da plataforma (o Twitter Blue cobra R$60/mês ou R$629/ano) para ter direito a essa autenticação, o Twitter infringe diversos direitos das pessoas consumidoras, como o de padrões de segurança garantidos no Código de Defesa do Consumidor.

A autenticação em dois fatores por SMS é utilizada por cerca de 75% dos usuários do Twitter que escolheram ter essa segurança. No relatório de transparência de 2021, o próprio Twitter reconheceu que, quando o mecanismo de autenticação não está habilitado, a segurança das contas se torna menos robusta.

Além disso, o relatório comemora o aumento no uso da autenticação, o que é, no mínimo, contraditório com a recente atitude em retirar o recurso. Sem incentivar nenhuma outra opção ou contrapartida, a plataforma prejudica a segurança e a qualidade do serviço de uma parte importante das pessoas que utilizam a rede social.

"Caso o pagamento para utilizar o código via SMS permaneça, a plataforma leva consumidores a escolherem entre opções preocupantes de: (i) deixarem de utilizar a verificação de duas etapas; (ii) comprarem o serviço pago do Twitter; (iii) adquirirem outro aplicativo para autenticação e verificação de identidade com o consumo de mais dados de internet; ou (iv) obterem chaves de segurança, que são caras e utilizadas por uma porcentagem ínfima de consumidores", afirma a especialista do Programa de Direitos Digitais e Telecomunicações do Idec, Camila Leite Contri.

A mudança unilateral de condições por parte do Twitter prova, mais uma vez, a necessidade de uma regulação no uso de plataformas digitais no Brasil. "Ao colocar a segurança como um privilégio dos consumidores pagantes, o Twitter diminui a qualidade do serviço prestado, representa atitude contraditória da plataforma, viola a boa-fé e a legítima expectativa de consumidores em terem seu serviço protegido. A diminuição e a cobrança por serviços não deve ser admitida", conclui a notificação enviada pelo Idec.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.