Os avanços na área econômica aliados às políticas de geração de emprego do Ministério do Trabalho permitiram o acesso de milhões de cidadãos a um posto de trabalho e a um pouco mais de dignidade. Apenas no ano de 2007, um milhão e setecentas mil carteiras de trabalho foram assinadas. A meta do Governo Federal é atingir 10 milhões de carteiras assinadas ao final de 2010.
Quero chamar a atenção para o fato de que atualmente mais de um milhão pessoas trabalham na indústria brasileira de Tecnologia da Informação, um mercado que vem crescendo 15% ao ano e já atraiu para o País as maiores multinacionais do setor. Estamos falando de um mercado que supera 700 bilhões de dólares e no qual o Brasil pode e deve buscar ter um papel decisivo. Mesmo porque hoje as maiores estrelas desse setor são os países emergentes.
Esse é um fenômeno mundial. Tomemos como exemplo a Índia. Seu principal produto de exportação, que chegará este ano a cifra de 30 bilhões de dólares, são os chamados softwares. Para o ano de 2010 a Índia espera exportar 60 bilhões de dólares. E embora o Brasil tenha o segundo maior mercado interno de TI do BRIC, o País deverá exportar apenas 500 milhões de dólares em 2008.
Exportamos pouco, mas o brasileiro é reconhecidamente um dos melhores programadores do mundo. Porque nosso gigantesco mercado interno até agora vem sendo atendido por empresas nacionais e por profissionais brasileiros.
Vejamos, o Brasil é o segundo país que mais utiliza a Internet para realizar transações bancárias. São 14% da população, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com 18%; possui 10% de todos os terminais de auto-atendimento bancário do mundo, também segundo colocado. Outro exemplo do tamanho do mercado brasileiro é o setor de cartões de crédito. O Brasil terminou 2006 com uma base de 390 milhões de cartões (incluindo débito, crédito e bandeiras privadas), o terceiro maior do mundo, logo atrás dos Estados Unidos e China. Exportamos as eleições eletrônicas e somos pioneiros no emprego do Governo Eletrônico.
O que falta, então, para que o País seja um participante pleno dessa sociedade do conhecimento? Temos obstáculos que tornam esse ingresso difícil. A começar pela própria imagem do Brasil como exportador de matéria-prima e não de serviços intelectuais, o valor do dólar que encarece as exportações e a morosidade da reforma tributária. Mas há um outro problema que não podemos aceitar que exista em nosso país, e que vai ao cerne do problema das empresas nacionais: a falta mão-de-obra qualificada.
Não apenas no Brasil. Os Estados Unidos precisarão, até 2016, de no mínimo mais 3 milhões de programadores para atender suas empresas e a Índia se prepara para formar 450 mil programadores para atendê-los. Precisaríamos formar ao menos 300 mil para aproveitarmos essa nova oportunidade que nos apresenta.
Mas hoje já faltam 40 mil profissionais. Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia, em 2010 faltarão 100 mil profissionais e, em 2012, mais de 200 mil. Se por ventura conseguirmos atingir a meta dos 300 mil estaremos alcançando divisas da ordem de bilhões de dólares provenientes da exportação de um produto refinado, de primeira necessidade, calcado em uma mão-de-obra que utiliza como insumo básico sua capacidade intelectual e uma indústria limpa, não poluente.
Percebemos, então, que a oferta de vagas nas faculdades, por mais que continue aumentando, não resolverá este problema. Então, de onde virá este profissional? Respondo: das escolas de ensino médio do sistema público. Onde milhares de jovens aguardam por uma pequena oportunidade e têm capacidade e coragem de agarrar esta oportunidade quando as encontram. Não podemos admitir que os mesmos jovens de 18 ou 20 anos, que empresas brasileiras sérias e promissoras procuram, continuem a ser recrutados pelo tráfico ou sujeitando-se a empregos aquém de suas capacidades, que não lhe garantem um existência digna.
E para isso devemos usar as armas que a própria tecnologia criou. Isso quer dizer: utilizar com eficiência os métodos de ensino à distância para o treinamento em massa do trabalhador. Usufruir da possibilidade de nos relacionarmos remotamente. Eliminando despesas, atingindo milhões de pessoas simultaneamente, diminuindo distâncias.
É preciso saber dialogar com as comunidades que disseminam o conhecimento através da internet para que canalizem suas atuações para o desenvolvimento social e multipliquem o conhecimento das camadas menos favorecidas pela educação acadêmica.