O uso da internet por organizações brasileiras do terceiro setor cresceu nos últimos seis anos, passando de 71% em 2016 para 82% em 2022. Apesar do avanço, 18% das entidades não usam a Internet em suas atividades, o que ocorre especialmente entre aquelas de menor porte e que atuam nas áreas de desenvolvimento e defesa de direitos.
Os dados estão na 4ª edição da TIC Organizações Sem Fins Lucrativos, lançada nesta quinta-feira (13) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
A pesquisa mostra também que o aumento da conectividade foi impulsionado pela expansão da rede de fibra óptica no país. Se em 2016 a tecnologia era adotada por apenas 30% das organizações, em 2022 a proporção saltou para 81%. Na sequência aparecem conexão via modem 3G ou 4G (que foi de 32% em 2016 para 47% em 2022), via cabo (de 42% para 32%) e DSL, que era utilizada por mais da metade das entidades (55%) em 2016 e passou a ser opção de menos de um quarto das entidades (21%) em 2022. O acesso via rádio foi outro que perdeu espaço, indo de 14% para 8% no período.
Os indicadores mostram, por exemplo, um predomínio no uso do telefone celular (89%), o que impõe limites à diversificação das atividades realizadas por essas organizações. Em seguida estão: notebook (74%), computador de mesa (70%) e tablet (23%). A maioria dos dispositivos eram pessoais, e não de propriedade das organizações.
Em relação ao celular, em 76% das organizações, os equipamentos pertenciam àqueles que nelas atuavam, situação inversa quando se fala em computador de mesa (em que 60% eram de propriedade das organizações, contra 32% pessoais) e notebooks (51% contra 43%).
Presença online e crescimento nas redes sociais
De 2016 a 2022 houve um aumento na proporção das organizações que possuem perfil ou conta própria em redes sociais, alcançando 71% em 2022 (frente a 60% em 2016). O Facebook foi o mais usado: 61% delas possuem perfil nessa plataforma. WhatsApp ou Telegram (55%), Instagram, TikTok ou Flickr (48%) e YouTube ou Vimeo (37%) também apareceram na lista. Em menores proporções, foram mencionados Twitter (10%), LinkedIn (9%) e WordPress, Blogspot ou Medium (6%). Já a presença online das organizações via website manteve-se estável, variando de 37% para 36%.
Em relação às atividades realizadas no ambiente virtual, houve crescimento no uso de ferramentas de comunicação no comparativo entre 2016 e 2022. Uso de mensagens instantâneas foi de 56% para 88%, e telefone via Internet, VoIP ou videoconferência via Internet de 24% para 78%. Esses aumentos são resultados, não só da expansão do acesso e do uso das tecnologias pelas organizações sem fins lucrativos nos últimos anos, mas também dos potenciais efeitos da pandemia.
As organizações sem fins lucrativos também usaram as redes sociais para interagir com seu público e a sociedade em geral. Exemplo disso é que 76% das organizações responderam a comentários e dúvidas, e 73% realizaram lives ou transmissões online em tempo real de eventos. As organizações também usaram as redes sociais para mobilização, como a postagem de opiniões e posicionamentos sobre temas relacionados a sua atuação, realizadas por 63% delas.
Se as estratégias de comunicação no setor migraram para o ambiente digital, o mesmo não se aplica à captação de recursos, que ainda é pouco realizada através da Internet. Embora tenha ocorrido um aumento expressivo na porcentagem de organizações que receberam doações online entre 2016 e 2022 (foi de 6% para 22%), a prática ainda ocorre em parte menor das entidades.
Capacidades financeira e administrativa
As doações individuais são a principal fonte de recurso financeiro das organizações sem fins lucrativos no país, correspondendo a 63%, uma elevação de 11 pontos percentuais na comparação com os indicadores de 2016. Metade delas recebeu esporadicamente doações de pessoas físicas, 46% mensalmente, e apenas 2% semestralmente.
Já em relação aos recursos governamentais, houve recuo no mesmo período. Enquanto em 2016, 32% das entidades receberam recurso de alguma das três esferas de governo, no ano passado a porcentagem foi para 24%. Uma parte dessa redução pode ser explicada pela diminuição na proporção de organizações que recebem verbas federais (de 15% em 2016 para 10% em 2022).
Sobre a capacidade administrativa das organizações, os indicadores apontam um aumento daquelas com áreas ou departamentos específicos. De acordo com a pesquisa, 80% disseram contar com área ou departamento administrativo, 68% com departamento de finanças ou contabilidade, 41% com departamento de captação de recursos, 39% com recursos humanos, 32% com comunicação institucional ou assessoria de imprensa e 31% com tecnologia da informação (TI) ou informática.