Comunicação sem medo: construindo pontes entre times técnicos

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"Nenhuma paixão rouba os poderes de ação e raciocínio da mente com tanta eficácia quanto o medo." Essa frase de Edmund Burke abre um dos livros que mais me impactaram nos últimos tempos. A Organização Sem Medo, da pesquisadora Amy Edmondson, apresenta resultados de anos de estudo sobre times de diversos segmentos, de tecnologia a hospitais, abordando temas críticos como falhas de comunicação, erros e as complexas relações entre líderes e liderados. O livro destaca a construção da segurança psicológica e sua importância à alta performance.

Mas afinal, o que é segurança psicológica e por que ela importa?

Segurança psicológica significa ter a confiança de que podemos nos expressar sem medo de represálias. Mesmo com tantos meios de comunicação instantânea, como WhatsApp e Slack, a interação humana ainda enfrenta desafios. No ambiente corporativo, foi comprovado que equipes que operam com segurança psicológica são mais criativas, tomam melhores decisões e aprendem mais rapidamente. O Project Aristotle, estudo interno do Google, revelou que o fator mais determinante para o sucesso das equipes não é a inteligência individual, mas sim o quão seguras as pessoas se sentem para se expressar.

Na minha percepção, existem algumas barreiras principais na comunicação entre times técnicos que dificultam a interação bem-sucedida da equipe. Medo de errar e parecer incompetente; falta de tempo ou priorização da comunicação e cultura de apontamento de erros, em vez de aprendizado conjunto, são alguns exemplos. A pesquisa de Edmondson destaca a chamada Epidemia do Silêncio, em que muitas pessoas deixam de se manifestar, mesmo quando acreditam que suas ideias poderiam beneficiar a organização, os clientes ou a si mesmas. Isso ocorre por medo, baixa autoestima ou pela percepção de que suas vozes não seriam levadas a sério. Mas como mudar esse cenário?

Criando um ambiente onde todos se sintam ouvidos

Líderes que incentivam a participação ativa, reuniões que garantem espaço para todos falarem e liberdade para falhar de forma construtiva, são algumas condutas implementadas para construção de um ambiente receptivo e eficiente. Ações simples, como speed conversations (bate-papos rápidos de até 5 minutos) em pequenos grupos, ajudam a fortalecer o senso de pertencimento e acolhimento.

Outro fator fundamental é o processo de falha. Empresas como Pixar e Google demonstram que uma abordagem produtiva aos erros aumenta a propensão à inovação. Isso não significa ignorar falhas, mas sim ter diretrizes claras para lidar com diferentes tipos de erro — desde os evitáveis até os inteligentes, que ocorrem no desenvolvimento de novas soluções. Você já se imaginou dizendo ao seu superior que ele está errado?

Resumindo, construir uma cultura de confiança é essencial para garantir segurança psicológica em times técnicos. Incentivar perguntas sem julgamento, praticar escuta ativa e criar espaços seguros para troca de ideias, são passos fundamentais para impulsionar a inovação e a colaboração.

A pergunta não é se a sua empresa pode se dar ao luxo de promover segurança psicológica, mas sim se ela pode sobreviver sem isso.

A segurança psicológica é um fator determinante ao sucesso das equipes de tecnologia de infraestrutura de nuvem. Criar um ambiente em que os profissionais se sintam confortáveis para se expressar, experimentar novas soluções e aprender com os erros, contribui diretamente para a eficiência operacional, inovação e satisfação no trabalho. Para os gestores, adotar essa abordagem não apenas melhora o desempenho da equipe, mas também fortalece a cultura organizacional e a resiliência – diante dos desafios do setor de Tecnologia.

Marlon Menezes, engenheiro de sistemas da Nutanix.

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