A sigla ESG (Environmental, Social and Governance) entrou no vocabulário das grandes corporações como um mantra moderno da responsabilidade empresarial. No entanto, essas iniciativas têm sido questionadas e estão passando por retrocessos, seja por pressões econômicas, mudanças regulatórias ou até mesmo por discursos céticos que tentam minimizar sua importância.
Mas sejamos francos: falar de ESG é fácil. O que realmente importa é o que está sendo feito de concreto para transformar o discurso em impacto real. E é aqui que as lideranças empresariais precisam sair da inércia das promessas e assumir o protagonismo da mudança.
Não basta um relatório anual bem diagramado com metas para 2050. Não adianta ter uma página institucional repleta de palavras-chave que reforçam um compromisso abstrato com a sustentabilidade. O ESG precisa ser uma diretriz estratégica incorporada no dia a dia da empresa, e isso só acontece quando a liderança assume esse compromisso de maneira genuína e pragmática.
A pesquisa "2023 Sustainability Leaders Survey" da GlobeScan e do SustainAbility Institute deixa claro que os consumidores e investidores estão cada vez mais atentos a essa transformação. O estudo aponta que a sociedade não quer apenas ouvir sobre compromissos ambientais e sociais; ela quer vê-los sendo implementados. Empresas que falham em demonstrar ações concretas perdem credibilidade e relevância. Em contrapartida, aquelas que materializam seus discursos ganham não apenas mercado, mas um diferencial competitivo poderoso.
Aqueles que querem realmente atuar nesses pilares podem trilhar os caminhos mais diversos. Por aqui, optamos por colocar o nosso conhecimento a serviço dos outros. Seja por meio de um aplicativo desenvolvido para uma grande rede hospitalar beneficente, seja por meio de um programa educacional que treina estudantes universitários para o mercado de trabalho. Em parceria com três prestigiosas universidades, levamos o ERP sem custo para dentro das salas de aula e estamos ajudando a formar mais de uma centena de profissionais.
A transição para um mundo mais justo e equânime começa dentro das empresas. O investimento em práticas ambientais sustentáveis, a promoção da diversidade dentro das organizações e a adoção de uma governança ética e transparente são pilares que não podem ser tratados como um mero check list corporativo. O compromisso deve ser autêntico e refletir uma visão de longo prazo, onde os resultados são mensurados por impacto real e não apenas por métricas de marketing.
O papel das lideranças é, portanto, decisivo. São elas que têm o poder – e a responsabilidade – de garantir que ESG não seja só mais uma sigla no relatório anual, mas sim um compromisso tangível, que transforma não apenas o ambiente corporativo, mas o mundo ao nosso redor. Quanto mais esse pilares ficam ameaçados, mais fortemente devemos nos empenhar em protegê-los e em mostrar sua importância. O tempo dos discursos vazios já passou. O futuro exige ação.
Fabrício Oliveira, CEO da Vockan.