O preço alto e a falta de infra-eestrutura para acesso à banda larga são os principais obstáculos à inclusão digital no país, segundo afirmou o presidente do conselho consultivo da Anatel, Vilson Vedana, durante audiência pública, realizada nesta quarta-feira (14/5), na Comissão Especial de Redes Digitais de Informação da Câmara dos Deputados.
Vedana criticou as tarifas cobradas pelas operadoras de telecomunicação. "O serviço de banda larga não custa o que as teles cobram da população", garante.
A comissão especial foi criada para analisar o projeto de lei 1481/07 do Senado, que torna obrigatória até 2013 a universalização do acesso a redes digitais de informação em escolas de todo o país.
Na reunião, Vedana criticou também a destinação prioritária das verbas do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicação (Fust) para a compra de computadores e a instalação de internet nas escolas públicas.
Para ele, só acontecerá a verdadeira inclusão digital no Brasil quando o acesso à banda larga for universalizado. "Internet nas escolas é um instrumento pedagógico. Telecentros são indispensáveis, mas a maior contribuição que o Fust pode dar à educação é conectar alunos e professores em suas residências", concluiu.
Na mesma audiência, o vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando de Souza, argumentou que, enquanto as operadoras de telecomunicações não oferecem o serviço, os municípios deveriam ser autorizados a desenvolver redes autônomas de banda larga.
Souza relatou a experiência de Piraí, município da região Sul do Rio de Janewiro, que instalou uma rede pública de acesso à internet há seis anos, e criticou a legislação atual, que dá apenas às empresas o direito de instalar redes de internet. "Redes de tecnologia são as estradas do futuro e a lei precisa avançar; o país precisa resolver essa questão, levar essa ferramenta para toda a população", ressaltou.
O vice-governador defendeu a criação de linhas de financiamento para que os municípios possam comprar computadores e instalar redes de acesso à internet. "Os computadores representam uma revolução no ensino e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não tem uma linha de financiamento para a educação", observou.
O secretário de Educação a Distância do Ministério da Educação (MEC), Carlos Bielschosky, lembrou que o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) tem como meta levar a banda larga a 86% dos alunos da rede pública de ensino até 2010.
Segundo ele, o uso de tecnologia nas escolas é importante porque ajuda na alfabetização digital, promove novas estratégias pedagógicas e estimula a autonomia dos estudantes. Mas fez um alerta:"Não adianta colocar infra-estrutura e construir laboratórios se não houver capacitação."
Com informações da Agência Câmara.