Independente da forma que seja entregue, gratuitamente ou pago, o mais importante para o sucesso da TV móvel ainda é o conteúdo. Essa foi uma das conclusões a que chegaram os participantes do bloco temático "Mobile TV: Os desafios futuros", durante o 7° Tela Viva Móvel, evento promovido pelas revistas TELETIME e TELA VIVA, que terminou nesta quarta-feira (14/5), em São Paulo.
"Se não tiver conteúdo relevante para o consumidor, não tem o que discutir", afirmou o diretor de planejamento e novos negócios da TIM, Renato Ciuchini. O executivo acredita que caso o conteúdo seja relevante para o usuário, ele estará disposto a pagar por ele e aposta no vídeo para celular como importante fonte de receita da operadora. "Esperamos que nos próximos três anos a receita gerada por vídeo chegue a 5% dos R$ 42 bilhões do faturamento da operadora", afirma.
Ainda que TV aberta e conteúdos pagos possam co-existir no celular, o hábito de ver vídeos nesta tela deve ser alavancado pela TV aberta. Para José Luciano do Vale, da Qualcomm, TV aberta e por assinatura são complementares, mas cabe ao 1-Seg ajudar a criar o hábito de ver TV no celular e de carregar consigo um device com essa funcionalidade.
"Explorar o long tail será a segunda parte do processo. É preciso ter os principais conteúdos disponíveis para começar", concorda Ciuchini, partindo de pesquisas que mostram que 70% dos assinantes de TV por assinatura assistem à TV aberta.
Operadoras e emissoras
O fato da TV aberta no celular ser a propulsora para a TV móvel não significa, necessariamente, que as operadoras serão excluídas do processo. O diretor de planejamento de marketing da Globo, Ricardo Esturaro, exemplificou a possibilidade de ganhos conjuntos a partir do caso japonês, no qual os players aumentam suas receitas a partir de publicidade, no caso da TV aberta, e interatividade, no caso da operadora.
Para Alberto Blanco, sócio-fundador da Participe TV, o modelo japonês não é necessariamente o mais interessante. Ele desenvolve um projeto de levar canais UHF para o celular, no qual o modelo de negócios é o de compartilhamento de receita com as operadoras.
João Paulo Firmeza, da PT Inovação, também não aposta na viabilidade da TV aberta no celular. Ele apresentou o modelo adotado pela Portugal Telecom, no qual o assinante de TV fixa pode assinar também o mesmo pacote de canais para o celular. Segundo ele, o custo adicional é de 5 Euros. A transmissão é pela rede 3G.
O subsídio
"Quem manda no mercado de telecom são as operadoras. E vai continuar assim", disse Alberto Blanco, sócio fundador da Participe TV no último dia do 7º Tela Viva Móvel nesta quarta, 14, em São Paulo.
A afirmação de Blanco foi uma clara provocação aos radiodifusores, que defendem que as operadoras subsidiem os celulares com recepção de TV aberta. O ex-executivo da Oi diz que "quem decide o que subsidiar é a operadora, e ninguém vai convencê-la do contrário sem mostrar que ela vai ganhar dinheiro com isso".
João Paulo Firmeza concordou: "quem direciona o mercado dos celulares são as operadoras. O usuário quer apenas aparelhos baratos, bonitinhos e funcionais".
Para ele, outros dispositivos portáteis devem se difundir mais. "Tenho dúvidas sobre a escala que teremos para a TV aberta no celular. Pode haver outras telas, mas não no celular. Alguns fabricantes e as operadoras estão reticentes".