A Laboratória, organização que busca inserir mais mulheres no mercado tech, acaba de lançar um estudo inédito sobre seu impacto na América Latina. Desde o início de suas operações no Peru, em 2014, mais de 1.800 mulheres já foram formadas na área de programação front-end, sendo que 79% delas estão trabalhando em tecnologia na América Latina e no exterior.
Os dados do estudo "Analyzing the Social and Economic Returns of Laboratoria's Bootcamp" mostram o impacto social e econômico a curto, médio e longo prazo da Laboratória. Essas informações referem-se às estudantes, graduadas e empresas em que trabalham atualmente.
Por meio do estudo, constatou-se que apenas 32% das graduadas da Laboratória recebiam salário até o início do bootcamp e, desse total, 26% realizavam trabalhos informais. Mas, hoje a Laboratória é vista como fonte de talentos para mais de 750 empresas de vários setores e indústrias. A metodologia deste estudo segue a abordagem da fundação Robin Hood Foundation (RHF), que analisa o custo-benefício para calcular o retorno econômico do bootcamp, com a perspectiva da Laboratória e suas graduadas.
Sendo assim, a análise foi realizada com o cálculo do investimento total no bootcamp e o retorno financeiro gerado para as graduadas. A estimativa foi o pré-salário em relação ao aumento percentual do salário mensal de um ano para o outro. No Brasil, por exemplo, foram analisadas duas turmas com mais de 100 alunas e os dados mostram que as mulheres que estão empregadas hoje recebem em média U$ 1.055,55. Anterior a isto, a renda era de aproximadamente U$ 465,00.
A Laboratória permite às alunas, além de conseguirem um emprego, desenvolverem uma carreira promissora na área tech. Veja na tabela a análise de dois bootcamps realizados na cidade de São Paulo e o seu retorno financeiro:
Cidade |
Turmas |
Graduadas |
Alunas com emprego |
Alunas sem emprego antes do bootcamp |
Graduadas sem diploma ou curso técnico |
Salário mensal das graduadas antes bootcamp |
Salário mensal das graduadas após bootcamp |
Aumento Salário graduadas (post x pre) |
São Paulo |
SAP 001 |
51 |
49 (96%) |
78,43% |
27,45% |
$446.59 |
$864.63 |
1.94x |
São Paulo |
SAP 002 |
54 |
46 (85%) |
61,11% |
29,63% |
$465.04 |
$1055.55 |
2.27x |
O primeiro exemplo é de uma das turmas do bootcamp de São Paulo com 54 graduadas e 46 alunas empregadas, após 6 meses da graduação. Nesta análise, devido a possíveis benefícios perdidos devido ao abandono do emprego, descontou-se 2% e 5% do valor presente dos benefícios todos os anos. Usando a taxa anual de 2%, a diferença entre os salários, pós e pré-bootcamp, foi de U $7.000,00 extras após um ano de trabalho e USD 35.000,00 extras, depois de 5 anos.
No primeiro ano após o bootcamp, o retorno financeiro de cada aluna (salário) é de USD 0,86 por dólar investido pela Laboratória. Após cinco anos, esse montante aumenta para USD 4,05, ou seja, o retorno da organização para a sociedade é quase 5 vezes o valor inicialmente investido. Com base no valor presente calculado versus o valor investido por aluna, foi possível analisar o retorno de cada estudante após o emprego.
"As graduadas da Laboratória estão preenchendo a enorme lacuna de talentos e gênero na área tech. Somos fonte para mais de 750 empresas líderes em todos os setores e indústrias, desde varejo, bancos, logística, fintech, entre outros. Acreditamos que a transformação pela qual passam as alunas formadas no nosso bootcamp vai muito além do individual, contribuindo também para o ecossistema corporativo, de tecnologia e social", diz a cofundadora da Laboratória no Brasil, Regina Acher.
"Constatamos que os benefícios econômicos para as graduadas ao longo dos anos são notáveis, assim como o retorno do investimento feito no bootcamp, pela Laboratória e seus parceiros, é positivo e significante. Isso é o resultado das alunas desenvolverem as habilidades que precisam não somente para começar, mas também crescer em um setor de boa remuneração e perspectivas", finaliza Regina.
Além dos impactos econômicos, o estudo apresenta as diferentes dimensões pelas quais a Laboratória influencia não só a vida de quem passa pelo programa, mas também das comunidades do entorno. São elas:
Impacto individual: adquirindo habilidades digitais altamente exigidas na indústria de tecnologia e desenvolvendo as habilidades socioemocionais para ter sucesso como profissionais;
Impacto na indústria: as graduadas tornam-se agentes de mudança nas organizações onde atuam. As empresas têm uma base de talentos mais diversificada que incentiva a inclusão e muitas vezes supera outras equipes menos diversificadas, criando produtos digitais que atendem às necessidades de uma variedade maior de usuários;
Impacto social: ter modelos femininos no setor constrói pontes de identidade que motivam mais mulheres a considerar o setor de tecnologia em suas escolhas profissionais. Dado que os níveis salariais são substancialmente mais baixos em cargos predominantemente femininos, ter mais mulheres trabalhando no setor de tecnologia é uma forma de abordar a disparidade salarial de gênero, que é uma das mais altas do mundo na América Latina.