As fintechs devem absorver maior valor do open financei, a medida em que o sistema avance à maturidade. Atualmente na fase 4, prevista para ser concluída ainda em 2023, o sistema terá a inclusão de participantes do mercado de investimentos, como seguradoras, corretoras de investimentos, câmbio e previdência. A finalização dessa etapa do Open Finance, segundo o estudo Distrito Fintech Report, fortalecerá as fintechs de crédito, permitindo a elas acesso aos perfis financeiros e ao histórico bancário dos clientes.
Estes dados poderão ser usados para elaborar um score (ou nota de crédito) mais preciso dos tomadores de crédito, o que pode facilitar a obtenção de empréstimos e financiamentos em condições melhores, como juros menores.
O Brasil é o sétimo país com maior número de fintechs locais ativas, de acordo com o relatório Fintech Global Vision, da Finnovating. São 632 empresas no total, fazendo com que seja líder da América Latina. A liderança do ranking global é dos Estados Unidos, com 4.910, seguidos do Reino Unido, com 1.728, e da Índia, com 1.233.
As fintechs são conhecidas pelo potencial de transformar o cenário financeiro por meio do uso intensivo da tecnologia aplicada para customizar ou personalizar o atendimento oferecido a pessoas físicas e jurídicas.
"No Brasil, a expectativa é que o Open Finance resulte no crescimento ainda maior desse mercado, que está em ascensão nos últimos anos por causa, entre outros fatores, da regulação do Banco Central. Em 2018, o BC instituiu duas modalidades de instituições financeiras voltadas para fintechs: SCD (Sociedade de Crédito Direto) e SEP (Sociedade de Empréstimo entre Pessoas)", diz Paula Colodete, sócia da EY em FAAS (Financial Accounting Advisory Services).
A lógica no Open Finance é que, quanto maior o compartilhamento de dados com as instituições participantes desse sistema, melhor para todo o mercado em termos de estímulo à competição. Como abordamos em reportagem recente, o compartilhamento somente é possível mediante consentimento do cliente pessoa física ou jurídica, que dá essa autorização de forma expressa.
Serviços financeiros integrados
O que também tem potencializado o resultado das fintechs no Brasil e no mundo é o chamado embedded finance. Sua tradução em português pode ser definida como "serviços financeiros atrelados ou incorporados". Na prática, é toda e qualquer empresa não financeira que passa a oferecer serviços financeiros, como contas bancárias, carteiras digitais, pagamentos e empréstimos, utilizando, para isso, a infraestrutura fornecida pelas fintechs. Empresas de vários tipos e níveis de maturidade, como as de tecnologia e software, varejo, telecomunicações, seguros, logística e produção de automóveis, têm se preparado para lançar serviços financeiros integrados.
O propósito, além de criar outras formas de rentabilizar, é facilitar a vida do cliente, que não precisa deixar o site, o app ou a plataforma da empresa não financeira para contratar empréstimo e fazer ou processar pagamentos. Isso porque esses serviços se tornam parte do portfólio. A operacionalização de tudo isso é feita por uma fintech ou por qualquer outra instituição financeira. Esse movimento faz parte da descentralização dos serviços financeiros chamada de Banking as a Service ou BaaS.