Uma das principais características do mercado de TI é ser um mercado cíclico, onde tecnologias surgem, atingem o seu auge (modismo) e, em alguns casos tornam-se padrão de mercado e em outros caem no ostracismo. De forma similar, o mesmo acontece com as Siglas criadas nesse mercado.
Isso aconteceu desde a utilização do primeiro PC, depois com a conexão em rede local, em seguida remota e, finalmente, adoção em massa de Internet como plataforma até do mercado corporativo. E assim também foram com as siglas… ERP, CRM, BI etc.
Até o nome da área teve seu ciclo: nasceu como computação, popularizou como informática e, ao que tudo indica, aposentou-se na TI – Tecnologia da Informação. E eis que o mercado desponta com novas siglas: SOA, BPM, BPO. Elas vão sair da berlinda?
Dentre essas, hoje a que tem um nível de importância maior para os executivos da área de tecnologia é SOA. Vale chamar atenção para o fato de que o conceito de SOA traz pela primeira vez a necessidade intrínseca de conhecimento do negócio. Sim, porque SOA nada mais é do que a orquestração de diversas aplicações e processos dentro das empresas, de maneira a aperfeiçoar o ciclo de negócios, qualquer que ele seja.
Ao contrário dos outros ciclos, que agiam "departamentalizados", como o CRM na área de atendimento, ou mesmo o ERP nas áreas produtivas, o conceito de SOA une uma empresa de ponta a ponta, orquestrando e eliminando todas as arestas. O sucesso de sua adoção é exatamente proporcional ao grau de conhecimento do negócio, e não só da tecnologia.
Imprimir este norte aos departamentos de tecnologia tem sido o desafio para empresas de todos os segmentos. E também a missão das integradoras de soluções de TI. Saem na frente aquelas que já entenderam a necessidade de um trabalho sofisticado de consultoria, focado em conhecer profundamente o core business do cliente. Somente a partir destas informações é possível desenhar um projeto que acrescente, com consistência, agilidade e integração aos processos de negócios das empresas atendidas. .
Se até então a tecnologia era diferencial para o negócio, na era das siglas 2.0 é o domínio do meandro do negócio que fará a diferença. A regra vale para BPM ou BPO, onde o "business" da sigla já deixa muito claro o papel do negócio na tecnologia. E continuará valendo por um bom tempo, pois difícil é acreditar que foram necessários tantos ciclos para que o mercado percebesse: a linha mestra de qualquer estratégia ou ação tem que ser a lógica do negócio.
Então observamos que do início da profusão de Siglas desconectadas e desconexas que a área de tecnologia sempre criou, hoje existe claramente uma preocupação com o negócio. Isso nos faz acreditar que essas Siglas têm uma característica mais perene do que as anteriores.
Pedro Rondon é COO (Chief Operating Officer) da B2Br