Não é de hoje que se fala sobre a necessidade das companhias e da sociedade criarem formas mais harmoniosas de relacionamento entre o avanço da tecnologia e o meio ambiente. A chamada TI verde, no entanto, ganhou ainda mais força e projeção a partir do segundo semestre de 2008, justamente quando teve início a crise econômica mundial. Institutos como o Gartner e o IDC apontaram a TI verde como uma das principais tendências no mundo tecnológico para 2009, sinalizando que ela deve continuar em voga nos próximos anos.
O motivo disso é muito simples: a TI verde, além de indicar um posicionamento politicamente correto, significa economizar recursos, cortar custos, o que em tempos de crise pode ser uma questão de sobrevivência para as empresas. Se antes os CIOs não se preocupavam com a conta de energia elétrica, com o descarte desnecessário de equipamentos no meio ambiente, com o espaço físico ocupado pelas máquinas ou com quanto a empresa gasta com refrigeração de ambiente, por exemplo, agora, no novo cenário, precisam estar bastante atentos a todos esses custos, buscando continuamente maneiras de reduzi-los.
A virtualização, capaz de potencializar a utilização de processamento dos servidores de rede, é uma tecnologia que se encaixa perfeitamente nesse contexto, tanto na onda da TI verde quanto em seu objetivo maior: a economia de recursos. Uma empresa de 500 funcionários atinge facilmente a marca de 50 servidores, e cada um desses equipamentos consomem recursos de administração, manutenção, energia, ar-condicionado, entre outros. Num ambiente de virtualização, no entanto, o número de servidores de uma companhia do mesmo porte pode cair para um patamar de duas a quatro máquinas, uma vez que a tecnologia consolida e centraliza aplicações, tirando o máximo de aproveitamento dos recursos existentes nas máquinas físicas. Dessa forma, reduz-se a emissão de CO2 na atmosfera e economiza-se com aquisições futuras de hardware, refrigeração e energia elétrica. A forma de se fazer backup, algo sempre preocupante e muito custoso para TI, também é otimizada em um ambiente virtualizado.
Além do custo acessível e de todas essas vantagens citadas, há um ponto significativo que precisa ser considerado quando se fala em virtualização: confiabilidade. A tecnologia de virtualização para ambientes com máquinas x86 existe há cerca de dez anos e nesse tempo vem evoluindo continuamente, ganhando novas funcionalidades para aplicações maiores. Hoje já se nota no mercado que a aceitação aos servidores virtualizados vem crescendo inclusive para aplicações críticas, como as de ERP. O amadurecimento da tecnologia de virtualização dá garantia às empresas de que o nível de proteção é alto. Sem um ambiente de virtualização, a necessidade de se criar redundância para as aplicações críticas – buscando minimizar assim os riscos – é algo extremamente dispendioso, mostrando mais uma vez que a adoção da tecnologia impacta positivamente nos custos das empresas.
Esse panorama favorável à virtualização sinaliza que há um grande mercado a ser explorado entre as empresas brasileiras. As que ainda não adotaram a tecnologia tendem a aderir em um ritmo cada vez mais acelerado. Aquelas que já virtualizaram parte de suas aplicações caminham para ampliar a utilização da tecnologia inclusive para o que é considerado crítico, conforme dito anteriormente. Uma empresa com servidores 100% virtualizados é algo possível e concreto atualmente. Já se fala inclusive dos benefícios de se estender a virtualização aos desktops, ampliando a economia, reduzindo os custos com helpdesk e facilitando o processo de realização de backup dos computadores.
Nota-se, portanto, que a tecnologia de virtualização não é só um discurso pró ecologia. Os benefícios são concretos e comprováveis. As empresas que aderem à virtualização buscam muito mais do que simplesmente levantar uma bandeira a favor do meio ambiente. O que elas procuram são formas de racionalizar seus gastos, o que acaba refletindo em ganhos para o meio ambiente. A saúde financeira das empresas agradece e a natureza também.
Amauri Pereira de Barros é gerente de prática de infraestrutura da Kaizen.
- Amauri Pereira de Barros