O número de domicílios brasileiros que têm computador cresceu de 12,3% em 2001 para 22,4% no ano passado, e o acesso à internet está presente em 16,9% das famílias, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), relativos ao ano de 2006, divulgados nesta sexta-feira (14/9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento mostra, no entanto, que apesar desse avanço ainda existe uma grande distância no acesso à informática entre as regiões Sul e Sudeste em relação ao Norte e Nordeste, o que, segundo o IBGE, pode ser considerado um verdadeiro ?fosso tecnológico?.
Segundo a pesquisa, a região mais informatizada do país é a Sudeste, onde 29,2% das residências ? uma em cada três ? têm computadores, seguida pelo Sul, com 27,9%, e Centro-Oeste, com 20,4%. Em contrapartida, na região Nordeste apenas 9,7% dos lares têm um PC e na região Norte somente 12,4% possuem um equipamento. Isso mesmo considerando que os índices praticamente dobraram nessas duas regiões ? no Norte era de 6,7% e no Nordeste, de 5,2%.
As desigualdades regionais podem ser verificadas também nos números relativos ao acesso à internet nas residências, cujos percentuais são ainda menores e as distâncias mais expressivas. O Sul e o Sudeste apresentaram percentuais mais de três vezes superiores aos registrados no Norte e Nordeste. O Sudeste tem 23,1% e o Sul, 20,8%, enquanto a região Norte tem 6% e a Nordeste, 6,9%. No Centro-Oeste, o índice ficou em 14,6%.
O IBGE entrevistou 410.241 pessoas, em 145.547 domicílios em todo o país.
A diferença é classificada como preocupante pelo diretor-executivo do Comitê para a Democratização da Informática (CDI), Rodrigo Baggio. ?Os números da Pnad revelam grande progresso [na informatização] nas regiões Sul e Sudeste, mas o Norte e o Nordeste estão vivendo um novo tipo de exclusão: o apartheid digital?, alerta. O CDI é uma ONG dedicada à difusão da informática no país, através da criação de escolas técnicas e da doação de computadores.
?Dos 5,5 mil municípios brasileiros, só a metade tem condições de acesso local à internet. Os outros precisam acessar utilizando ligação DDD ou por satélite, o que é muito caro?, aponta Baggio. ?O Brasil ocupa o quinto lugar, em percentual de pessoas com acesso à internet na América do Sul, atrás do Chile, que tem 42% da população conectada, Argentina, Uruguai e Peru.?
Percentualmente, a unidade da federação que mais tem computadores nas residências é o Distrito Federal (36,4%), seguido por São Paulo (28,9%), Santa Catarina (26,5%), Rio de Janeiro (25,1%), Paraná (23,3%) e Rio Grande do Sul (21,3%). Nos últimos lugares estão Rondônia (7,4%), Pará (7,2%), Ceará (7%), Alagoas (6,6%), Piauí (5,7%) e Maranhão (4,1%).
De acordo com Baggio, os recursos disponíveis para promover a inclusão digital existem. ?O Brasil pode resolver a inclusão digital liberando os recursos do Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust), alimentado por 1% das contas telefônicas que todos nós pagamos e que dispõe de R$ 6 bilhões, atualmente contingenciados para gerar o superávit primário [receita menos despesa] do governo?, sugere o diretor do CDI.
Com informações da Agência Brasil.