Apesar de ter declarado guerra aberta à IBM, com o lançamento da segunda versão do seu banco de dados Exadata, que agora será empacotado em hardware da Sun e rodará no sistema operacional Oracle Enterprise Linux, o grande anúncio da Oracle, durante sua conferência anual realizada em San Francisco (EUA) nesta semana, foi um conjunto de aplicações para enfrentar a SAP. De acordo com a empresa, o Oracle Fusion Applications usará o software de middleware da empresa como base para fornecer aplicações, que vão desde sistemas para folha de pagamento até para o gerenciamento de processos, desenvolvidos em Java, plataforma de código aberto da Sun.
O CEO da Oracle, Larry Ellison, foi categórico ao afirmar que o novo banco de dados é 16 vezes mais rápido que o da IBM. O executivo disse que o sistema da IBM não pode ser comparado com o da Oracle e se ofereceu a pagar US$ 10 milhões se a empresa provar que seu software de banco de dados, que é usado para armazenar e classificar informações digitais, é mais rápido que o da Oracle. Ellison também disse acreditar que a compra da Sun deve ser liberada logo porque, juntas, Oracle e Sun podem "enfrentar o gigante", referindo-se à Big Blue, e se tornar uma potência imbatível.
Ele ressaltou que a união da Oracle com a fornecedora de soluções para armazenamento de dados e servidores será essencial para que ambas possam dominar o mercado e se tornarem as maiores fornecedoras de soluções do mundo. Ellison disse que a IBM processou a Oracle em US$ 10 milhões por divulgar um comunicado comparando as operações de ambas as empresas, em benefício próprio. Ele ironizou comentando que o maior banco de dados do mundo, que pertence à IBM, é mais caro, gasta mais energia e não suporta erros, ao contrário do sistema conjunto da Oracle com a Sun.
Em relação ao MySQL, de propriedade da Sun, Ellison prometeu que irá não apenas manter, mas também aumentar os investimentos no banco de dados de código aberto. Scott McNeally, CEO da Sun, declarou que o MySQL não deveria ser motivo de preocupação para ninguém, já que, em suas palavras, representa competição para a Microsoft, não para os gigantes de banco de dados, como a IBM. O CEO da Sun disse não estar preocupado com o futuro de seu negócio de código aberto e tem esperança de que, caso Ellison tome alguma decisão "precipitada", os fãs do MySQL sejam os primeiros a tomar posições contrárias.
Busca por propriedade intelectual
Sobre as inúmeras compras feitas pela Oracle ao longo deste ano, André Papaleo, vice-presidente de indústrias para a América Latina da Oracle, declarou que elas fazem parte de um movimento da empresa para atingir todos os setores industriais e se transformar numa companhia de soluções e não mais apenas de banco de dados. O executivo acredita que as aquisições significaram uma intensa busca por propriedade intelectual e mão-de-obra especializada para atuar em segmentos específicos. "E o segredo para que tudo dê certo é a rápida integração da empresa adquirida à cultura da Oracle." "A preocupação é sempre integrar tudo aquilo que a empresa comprada tiver de diferencial em sua propriedade intelectual e em suas operações, e o resto a gente deixa", completou Papaleo.
Segundo ele, a América Latina segue, pelo terceiro ano seguido, como a região com maior crescimento mundial entre todas as operações da Oracle, sendo que o Brasil representa em torno de 50% da receita. De acordo com o presidente da Oracle Brasil, Cyro Diehl, a situação brasileira é sempre um indicativo de como será o resultado para toda a América Latina, e a demanda que mais tem crescido no país é por software de middleware. Mas tanto Diehl quanto Papaleo dizem não poder revelar para onde a Oracle pretende caminhar daqui para frente.
*O jornalista viajou a San Francisco a convite da empresa.
- Gerra aberta