Em 2007, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) instituiu um padrão para a troca de informações eletrônicas entre as operadoras de planos de saúde e os prestadores de serviços da área, dando o prazo até dezembro daquele ano para que todos os prestadores de serviços, incluindo os profissionais liberais, adotassem o sistema, batizado de TISS (Troca de Informação em Saúde Suplementar).
O TISS determina que as informações necessárias para o preenchimento das guias e demonstrativos sejam enviadas aos planos de saúde no formato XML, com intenção de simplificar os processos e reduzir custos com papel. Porém, segundo Eduardo Brunetti, gerente de TI da Marítima Seguros, empresa com 720 mil segurados, sendo 165 mil em saúde, e patrimônio líquido de R$ 90,6 milhões, o mercado como um todo não estava preparado para atender aos requisitos técnicos do TISS, inclusive a Marítima.
Somente em 2008, a empresa procurou a Intersystems para, juntas, desenvolver uma solução que ajudasse no trabalho de adequação aos requisitos do TISS. O gerente da Marítima conta que antes da solução a seguradora era muito dependente das empresas de conectividade, chamadas hubs – organizações responsáveis pelas operações eletrônicas entre os prestadores de serviços e os planos de saúde.
O portal desenvolvido pela Marítima entrou em operação em meados de 2008, por volta de junho ou julho, baseado no software Ensemble, da InterSystems, desenvolvido em Cobol e integrado ao sistema legado. Foram criados, então, três canais de recepção para o TISS: digitação por meio do portal, upload dos dados e uso de web services ou através das empresas de conectividade que ainda prestam esse serviço. "Essas são responsáveis por apenas 10% do volume de transações eletrônicas recebidas pela Marítima Seguros", de acordo com Brunetti.
O portal tornou as transações mais ágeis, principalmente por causa da redução na participação das empresas intermediárias. O gerente de TI da Marítima afirma ainda que o ambiente também oferece funcionalidades para o prestador de serviços, que pode acompanhar o processo de pagamento das contas médicas e identificar as razões pelas quais uma conta médica não foi paga.
Marcelo Bartiloti, superintendente de TI da seguradora, informa que ainda não foi atingida a marca de 100% de adoção eletrônica pelos prestadores de serviços. “Cerca de 83% dos 12 mil prestadores cadastrados já enviam os dados em formato eletrônico. Deste total, 3% digitam as informações no portal; 70% fazem o upload dos dados; outros 17% ainda estão no papel, e o restante utiliza as empresas hub”, detalha.
Investimento no projeto
O superintendente não informa quanto foi investido no projeto, mas diz que a primeira impressão da Marítima Seguros, em relação à adoção do TISS, apontava para o aumento de custos entre 10% e 20% com mão de obra, além do investimento para modernizar os sistemas legados. “Havia temor em relação aos custos, mas a tecnologia escolhida para o desenvolvimento do portal permitiu a manutenção do mesmo quadro de profissionais e o estreitamento da relação com os prestadores de serviços por meio do portal”, diz Bartiloti.
Entre os benefícios do portal, a seguradora destaca a redução da quantidade de transações digitadas internamente; a redução de custos, ativos ou investimentos: com o aumento de campos que o padrão estabeleceu – três vezes mais -, existia a possibilidade de ser preciso triplicar a equipe, o que não ocorreu, dado o menor número de guias encaminhadas pelo novo método. De acordo com o gerente de TI, a Marítima foi a primeira seguradora a receber as informações nos padrões estabelecidos pela ANS, inclusive orientando os prestadores em suas dificuldades técnicas; redução de custos, ativos ou investimentos; melhoria da integração com fornecedores, parceiros e prestadores de serviço, especialmente no que se refere ao fluxo e status das contas, para controle dos prestadores; aumento da eficiência operacional;aumento da qualidade, agilidade ou flexibilidade e redução de tempo nos ciclos operacionais.