O diretor-executivo da Linux International, Jon "Maddog" Hall, anunciou nesta quarta-feira, 14, em Foz do Iguaçu, Paraná, um acordo para produção de computadores de baixo custo no Brasil, por meio de uma parceria entre o Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico (LSI-TEC) — associação sem fins lucrativos — e a Lemaker, empresa chinesa com sede em Shenzhen, na China. A Lemaker é responsável pela produção do Banana Pi, microcomputador de placa única, de código aberto, uma referência mundial em laptops de baixo custo.
O anúncio foi feito no primeiro dia da 12ª Conferência Latino-Americana de Software Livre (Latinoware 2015), que acontece até sexta-feira, 16, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI). A palestra de "Maddog", na manhã desta quarta-feira, no Espaço Brasil, antecipou a abertura oficial, marcada para as 14h.
"Esses computadores serão de código aberto, o que permitirá que qualquer um projete sua placa como quiser, e ainda terão USB 3.0. A previsão é que custem entre US$ 40 e US$ 45 aqui no Brasil", destacou Maddog Hall, sem precisar uma data para o início da produção dos equipamentos. Segundo ele, as primeiras 20 mil placas devem ser comercializadas a preço de custo para organizações sem fins lucrativos, como universidades e laboratórios de pesquisa.
Ainda segundo Maddog Hall, com a fabricação dos computadores de baixo custo, uma nova cadeia de produção pode ser construída no país. "Essas empresas poderão contratar mais brasileiros e, dessa forma, o dinheiro ficará no Brasil, em vez de ser mandado para o exterior", completou.
Trajetória profissional
Na palestra, Maddog Hall comparou a própria carreira profissional a um grand slam no beisebol (uma grande jogada no esporte), dividindo a sua atuação em três bases: na primeira, a criação do Instituto Profissional Linux (responsável pela emissão da certificação LPI, atribuída a administradores de sistema de todo o mundo); na segunda, o Projeto Cauã, que une hardware, rede e empreendedorismo; a terceira base corresponde à fabricação de computadores baratos. "Antigamente, os computadores custavam U$ 2,5 milhões. Hoje temos centenas de computadores de baixo custo", destacou.
O diretor da Linux também falou sobre a sua estreita relação com o Brasil, construída desde as primeiras visitas ao país, em 1996. Recentemente, ele teve a ideia de unir dois trabalhos de inclusão digital. Em São Paulo, moradores das favelas estão aprendendo programação; no Rio de Janeiro, a ideia é levar Wi-Fi para favelas cariocas. "Para isso, procuramos novos mentores, como grupos de pesquisa e universidades interessadas", explicou.