Não sei vocês, mas a primeira vez que ouvi falar do metaverso levei um susto e precisei de tempo para entender tudo o que (re) significaria. Quando estava mais familiarizado com esse universo particular e acreditando que ainda seria algo de um futuro próximo, bancos, lojas e serviços me mostraram que não era bem assim. Já estavam todos investindo e marcando espaço nesse ambiente incrivelmente novo, mas que já mostrava o tamanho do seu potencial.
O que é o metaverso? Simplificando bastante as coisas, nada mais é do que um espaço virtual em que os usuários podem e poderão interagir e conectar-se uns aos outros de inúmeras maneiras – jogando, colaborando, comprando, explorando – sem precisar sair do conforto de seus sofás.
Se no início o metaverso se destacava pela criação de espaços de interação para o entretenimento, agora ele também é procurado por empresas que desejam explorar novas possibilidades de aprimorar sua marca, produtos e serviços.
Já é possível visitar um imóvel, comprar um carro, participar de experiências sociais como encontros com amigos ou reuniões de trabalho, andar em uma roda gigante de um parque de diversão em uma experiência totalmente virtual. É claro que só vai entender isso quem já usou alguma vez na vida óculos de realidade virtual. A sensação é de realmente estar naquele lugar sem nem ao menos precisar fazer absolutamente nada. E aí eu pergunto: quem é que não vai querer visitar esse "lugar"?
De acordo com a Gartner, até 2026, um quarto das pessoas e um terço das organizações vão estar ativos no metaverso. Inclusive, segundo dados da Grayscale, o número de usuários já aumentou dez vezes em 2021, e em 2030, a economia do metaverso poderá atingir US$ 13 trilhões em tamanho, de acordo com o banco de investimentos Citi.
Os números só mostram que estamos diante de uma rede que tende a crescer e que será um ambiente propício para se fazer negócios. Diria mais: a relação entre marketing e metaverso estará mais sólida do que nunca.
Os impactos do metaverso no marketing
Alguns dirão que se trata de uma revolução, mas acredito que a transformação digital nos últimos tempos já tinha um propósito: nos levar a uma evolução tecnológica. A prova está nas possibilidades que o metaverso propõe e os setores que ele impacta. O marketing é um deles.
É claro que já estávamos adaptados a vender pela internet, mas agora o desafio não é só esse. Imagine permitir em uma loja online de roupas que os clientes criem um avatar realista em 3D com medidas reais e experimentem e comprem diferentes peças sem sair de casa. Além disso, possibilitar que eles se vejam vestindo as peças em diversos ângulos e em diferentes locais, como no escritório, na praia, em um restaurante etc. Para muitos pode até parecer uma experiência utópica, mas isso já é uma realidade.
Esta é uma oportunidade de aprimorar as experiências com os clientes, compartilhar ideias e conceitos, além de melhorar o contato de maneira exclusiva com cada consumidor.
Um bom exemplo disso é a Hyundai. A montadora inaugurou uma 'aventura de mobilidade' no metaverso. Os visitantes podem não apenas experimentar carros novos e participar de todos os tipos de atividades e experiências, mas também montar um carro físico personalizado, experimentá-lo e encomendá-lo imediatamente.
Outra experiência que deu certo foi o Fashion Week. Diferentes marcas mostraram a moda de forma única no metaverso e os visitantes tiveram a chance de experimentar a maquiagem virtual da Estée Lauder. Além disso, foi fornecido glitter dourado gratuito para cada visitante, fazendo-os brilhar.
Outros exemplos vão surgir pelo mundo. O mercado já está atento a todas as possibilidades que o metaverso possibilita e as marcas terão o desafio de "entrar" nesse universo e se conectar de maneira diferenciada com seus consumidores.
Afinal, segundo levantamento realizado pela FleishmanHillard Brasil, 6% dos brasileiros que usam internet, cerca de 5 milhões de pessoas, já ocupam o metaverso em alguma versão. Além disso, 49% dos respondentes afirmam estar dispostos a interagir com o metaverso.
Ainda estamos descobrindo um mundo de possibilidades e por se tratar de algo novo, é difícil projetarmos de que forma essa tecnologia será, de fato, implementada no cotidiano dos consumidores, já que se trata de uma disrupção muito grande. É uma nova tendência que chegou para transformar os espaços e produtos em jornadas sensoriais, realistas e interativas.
Estamos falando de um "lugar" que já é totalmente habitável.
O futuro já chegou e você está preparado?
Rodrigo Comegno, Head de Produtos na Paschoalotto.