A Capgemini BPO anunciou investimento de 2,2 milhões de euros para expandir seu escritório de serviços gerenciados de processos de negócios na cidade catarinense de Blumenau, para o qual foram transferidos todos os profissionais que estavam alocados na unidade de Gaspar, cidade localiza no mesmo estado. O escritório começa operar com 400 funcionários, com potencial para 1,2 mil pessoas.
Uma das razões dessa expansão foi o contrato fechado com a Algar para atender algumas das empresas do grupo. Com esse investimento, o negócio de BPO da Capgemini irá chegar a 1,1 mil empregados no Brasil, uma vez que ela possuiu outra unidade em Campinas, no interior de São Paulo, que atende empresas como Unilever, Sygenta, Avon e Nokia Siemens, para as quais presta serviços de gerenciamento de impostos, finanças, contabilidade, logística e distribuição.
"A empresa espera chegar a 3 mil funcionários até 2015 e ampliar o leque de serviços, principalmente nas áreas de compras estratégicas e operacionais e no setor de recursos humanos", explicou Oliver Pfeil, CFO global da vertical de BPO da companhia, durante coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira, 14, em Paris, França, onde fica a sede mundial do grupo.
A operação de BPO no Brasil trabalha como uma unidade de negócios independente, e já atuava no país antes da incorporação da CPM-Braxis. Segundo Pfeil, esse centro vem se somar a outros 23 que a empresa possui ao redor do mundo e que empregam quase 14 mil profissionais para atender 170 clientes globais. "Mas os escritórios do Brasil são destinados a atender somente clientes brasileiros e não serviços offshore [serviços prestados a companhias internacionais], com outras unidades, uma vez que o mercado local tem grande potencial de crescimento", explicou.
O Brasil também se tornará prioridade estratégica para o grupo Capgemini em 2013, que também tem investimentos relevantes em países emergentes, como China e Índia. Mundialmente, o conglomerado registrou receita de 9,7 bilhões de euros no ano passado, nos 40 países onde atua com mais de 120 mil funcionários. Deste total, 7% foram provenientes da América Latina, um salto relevante, já que em 2010 representava apenas 2% do total. Neste ano, o percentual deve chegar a 8%, com potencial de crescimento mais expressivo em 2013.
José Luiz Rossi, CEO da Capgemini Brasil, explica que esse otimismo está fundamentado em movimentos estratégicos que grupo realizou recentemente, como adotar a marca global no final de outubro, reafirmando o compromisso com o mercado, uma vez que a empresa conservava ainda a antiga razão social da CPM Braxis, de onde teve origem. Outro fato relevante foi a aquisição de 22% do capital da empresa pela CaixaPar, subsidiária da Caixa Econômica Federal, em junho passado, que assumiu um compromisso de dez anos para torná-la fornecedora prioritária de serviços de TI. "Essa parceria estratégica também promoverá, além de volume e sustentabilidade, oportunidade de desenvolvimento no mercado de TI brasileiro", enfatizou.
O mercado de serviços financeiros representa cerca de 50% das receitas da Capgemini Brasil, que também tem como sócia o Bradesco. O mercado de telecomunicações representa 20%, governo 10% e o restante em setores diversificados, como varejo e produtos de consumo. Globalmente o setor financeiro responde por cerca de 2 bilhões de euros em vendas, o segundo em importância para o grupo. Do total de 9, 7 bilhões de euros obtidos em 2011, 24,3% vieram do setor público, 20,8% do setor financeiro, 17,7% manufatura, 10,8% utilities, 9,3% de telecom e mídia e os restante de outros setores diversificados. Do ponto de vista de unidade de negócios, a área de serviço de tecnologia representa 41%, outsourcing cerca de 30%, serviços profissionais locais 19% e consultoria, 10%.
A relevância que a unidade brasileira está conquistando no grupo gerou novas atribuições locais. Junto com Índia e Polônia, o Brasil tornou-se um centro de suporte de gerenciamento de infraestrutura global. "Nossa solução de gerenciamento remoto de redes está sendo usada para atender clientes em Londres", ressalta Rossi.
Apesar de ser uma empresa que presta um serviço com forte envolvimento de pessoas, ela esta acompanhando as inovações tecnológicas, oferecendo serviços gerenciados baseados na nuvem em parcerias, como as que mantém com a SAP, Cisco, EMC/VMware, Microsoft, SalesForce e Oracle. "Vamos atender a demanda junto com os parceiros que tem expertise no mercado", explica.
A Cap Gemini lançou mundialmente a iniciativa IP Acceleration Program (IP-AP) após adquirir no começo do ano as empresas IBX, Skvader e Prosodie, que tem soluções de software como serviços em meios de pagamento, e-procurement, gerenciamento de chamadas em contact center e smart metering. "Estas soluções já estão disponíveis no Brasil. "No segmento de smart grid, por exemplo, temos uma solução completa para empresas de energia, que vai da geração até o monitoramento e medição, mas aguardamos a aprovação da lei regulamentando o setor para oferecer esse serviço ao mercado", diz Rossi .
"Nosso objetivo é se tornar uma das três maiores empresas de serviços de TI do Brasil nos próximos cinco ano", diz ele, lembrando que a atual Capgemini foi construída nos últimos cinco anos com a fusão das operações da CPM, Braxis, Spec, Pimentel e Unitech.
*O jornalista viajou a Paris a convite da empresa.